Incêndios em florestas maduras da Amazônia aumeta mais de 100%

© Marcelo Camargo/Agência Bras

 

Apesar da queda global nos focos de incêndio na Amazônia em 2023, incêndios em florestas maduras aumentam preocupações sobre a resiliência do bioma e a qualidade de vida das comunidades locais

 

 

Um estudo recentemente publicado na revista científica Global Change Biology revelou que, enquanto houve uma queda geral de 16% no total de focos de incêndio e uma redução de 22% no desmatamento na Amazônia em 2023, os incêndios em áreas de vegetação nativa, ainda não afetadas pelo desmatamento, apresentaram um aumento alarmante de 152% em comparação com o ano anterior.

Os pesquisadores, ao analisarem imagens de satélite, detectaram um aumento significativo nos focos de incêndio em áreas de florestas maduras, passando de 13.477 para 34.012 no período examinado. Esse aumento preocupante é atribuído principalmente às condições de seca cada vez mais frequentes e intensas na região amazônica.

Segundo o Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o primeiro trimestre de 2024 registrou o maior número de focos de calor na Amazônia dos últimos oito anos. Esses incêndios representam mais de 50% de todas as notificações de incêndios no país, superando inclusive as ocorrências no bioma do Cerrado.

Os incêndios em áreas de florestas maduras são especialmente preocupantes devido ao comprometimento da resiliência do ecossistema. Quando o fogo atinge essas áreas, a capacidade da floresta em criar um microclima úmido e em reciclar a umidade é severamente prejudicada. Além disso, a inflamabilidade crescente da floresta representa um desafio adicional para os agricultores tradicionais, que dependem do fogo controlado para o manejo de suas áreas de subsistência.

O estudo destaca que a situação é particularmente grave em algumas regiões da Amazônia, como o sudoeste do Amazonas e o estado do Pará, onde os registros de incêndios em florestas maduras aumentaram consideravelmente no último ano. Em Roraima, mais da metade dos incêndios do bioma são concentrados, afetando severamente as comunidades indígenas locais e levando vários municípios a declararem estado de emergência.

Diante desse cenário preocupante, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), em conjunto com outras instituições, tem intensificado as ações de prevenção e combate aos incêndios na região. No entanto, os cientistas destacam a necessidade de expandir as operações de controle e prevenção, além de desenvolver sistemas de monitoramento mais eficazes, incluindo o uso de inteligência artificial para prever áreas com maior propensão a incêndios.