Historiadores e especialistas debatem sobre a data exata do golpe de Estado que marcou a história do Brasil
O marco inicial da ditadura militar no Brasil completa 60 anos, mas a controvérsia sobre a data exata do golpe ainda persiste entre historiadores e especialistas. Enquanto alguns defendem o dia 31 de março como o início dos acontecimentos, outros argumentam que o golpe foi consolidado no dia 1º de abril.
Para a historiadora Joana Salém, professora visitante da Universidade Federal do ABC (UFABC), a discussão sobre a data é uma “falsa polêmica”, já que o golpe teve início no dia 31 e foi finalizado no dia 1º de abril. Por outro lado, a professora Janaína Cordeiro, da Universidade Federal Fluminense (UFF), destaca a ironia de um movimento civil-militar ter sua vitória associada ao Dia da Mentira, sugerindo que os militares preferem o dia 31 de março como marco.
O dia 1º de abril é simbolicamente utilizado como “Dia da Mentira”, ressaltando a visão crítica sobre a narrativa dos militares em relação ao golpe. No entanto, no meio militar, o 31 de março foi por muito tempo celebrado como o início do período ditatorial.
A celebração dessa data no governo varia conforme as gestões. Enquanto o ex-presidente Jair Bolsonaro determinou a comemoração pelo Ministério da Defesa, no governo atual do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, as Forças Armadas não celebram mais o evento. A Câmara dos Deputados, o Senado Federal e a Presidência da República não têm uma posição unificada sobre a data oficial do golpe.
O historiador João Roberto Martins Filho destaca uma antecipação do golpe, com movimentos militares já nas primeiras horas do dia 31 de março. Esse contexto envolvia críticas ao governo de João Goulart e conspirações políticas que culminaram na vacância da Presidência da República.
A controvérsia em torno da data do golpe militar reflete diferentes interpretações sobre esse período marcante da história brasileira e suas consequências políticas e sociais.
