Presidente Lula na COP28: Um Chamado Urgente por Ação Climática e Justiça Global

© Joédson Alves/Agência Brasil

 

Luiz Inácio Lula da Silva destaca descumprimento de acordos e a urgência na luta contra as mudanças climáticas

 

 

 

Na abertura da 28ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP28), realizada em Dubai, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva proferiu seu primeiro discurso, destacando a insatisfação global diante de acordos climáticos não cumpridos, metas de redução de emissão negligenciadas e a falta de auxílio financeiro aos países mais pobres. Lula ressaltou que “o planeta já não espera para cobrar da próxima geração”.

O presidente alertou para os eventos climáticos extremos que assolam a humanidade, mencionando secas, enchentes e ondas de calor cada vez mais frequentes. Fez referência à seca no Norte do Brasil e às enchentes no Sul, destacando a trágica situação na Amazônia. Lula salientou que a ciência e a realidade indicam que as consequências das mudanças climáticas estão mais evidentes do que nunca.

Ao questionar o comprometimento dos líderes mundiais, Lula apontou para o paradoxo de gastos expressivos em armamento enquanto problemas cruciais, como fome e mudança climática, permanecem em segundo plano. Ele destacou a necessidade de uma reflexão sobre as toneladas de carbono emitidas pelos mísseis em comparação com investimentos em questões humanitárias.

O presidente enfatizou a desigualdade na responsabilidade pelas mudanças climáticas, observando que o 1% mais rico do planeta emite tanto carbono quanto 66% da população global. Lula criticou as disparidades de renda, gênero e raça, considerando a mudança climática como uma questão intrinsecamente ligada a essas desigualdades.

Para Lula, a injustiça recai sobre as populações mais pobres, como os trabalhadores rurais que veem suas lavouras devastadas pela seca e os moradores das periferias urbanas que perdem tudo durante enchentes. Ele argumentou que enfrentar as mudanças climáticas requer, inevitavelmente, combater as desigualdades socioeconômicas.

O presidente ressaltou a importância do cumprimento dos compromissos assumidos, alertando que o descumprimento mina a credibilidade do regime internacional. Ele chamou a atenção para a necessidade de resgatar a fé no multilateralismo e expressou sua perplexidade com a incapacidade da ONU de manter a paz devido a interesses de guerra de alguns de seus membros.

Lula concluiu seu discurso reforçando o compromisso do Brasil em liderar pelo exemplo, citando ajustes nas metas climáticas, a redução do desmatamento na Amazônia e iniciativas como a industrialização verde, agricultura de baixo carbono e bioeconomia. O presidente ressaltou que nenhum país pode resolver os desafios isoladamente, enfatizando a necessidade de cooperação global.