Zona Oeste do Rio de Janeiro: Desigualdades e desafios de uma região multifacetada

© Tânia Rêgo/Agência Brasil

 

Especialistas analisam o crescimento, história e desafios socioeconômicos da área e apontam a ausência do Estado como fator de ampliação das milícias

 

 

A Zona Oeste do Rio de Janeiro, composta por 43 bairros, é um território de contrastes, abrigando praias cobiçadas e também áreas com grande desigualdade social. Caracterizada como a maior extensão territorial do município, representa mais de 70% do território carioca e abriga 41% da população da cidade.

Composta por espaços de alto padrão como a Barra da Tijuca e, ao mesmo tempo, concentrando significativa pobreza, a região está no centro de um cenário complexo, marcado por uma história que envolve aspectos agrícolas, especulação imobiliária e grandes investimentos para eventos de grande porte, como as Olimpíadas de 2016.

Pesquisadores de instituições como o Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense (Geni-UFF) e o Grupo de Estudos sobre Espaço Urbano, Vida Cotidiana e Serviço Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UrbanoSS-Uerj) destacam a negligência histórica da zona oeste por parte dos poderes públicos. Evidenciam que, por muito tempo, a área foi tratada como se fosse uma região à parte da cidade do Rio de Janeiro.

Patricia Nicola, pesquisadora do UrbanoSS-Uerj, ressalta que a zona oeste é muito mais do que a área atualmente conhecida, sendo anteriormente designada como sertão carioca. O crescimento exponencial da região, com um aumento da área construída em 80% entre 2000 e 2013 e um crescimento populacional de 16,8% entre 2000 e 2010, indica um local em pleno desenvolvimento.

Essa expansão, no entanto, revela disparidades significativas. A zona oeste não possui a mesma densidade demográfica das demais regiões da cidade e enfrenta carências em equipamentos e serviços públicos. Esse cenário, de acordo com pesquisadores, favorece a atuação das milícias, que se consolidam em locais carentes de estrutura estatal.

Daniel Hirata, do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense, destaca a importância da presença do Estado na região. Hirata enfatiza a necessidade de políticas que ofereçam serviços públicos de qualidade para a população, como saúde, educação, transporte e cultura, como forma de combater a atuação das organizações criminosas e mitigar a desigualdade e ausência de estrutura.

Os especialistas apontam que a região, apesar de seu crescimento e potencial, necessita urgentemente de políticas públicas eficazes para proporcionar qualidade de vida e serviços essenciais aos seus habitantes, visando combater a escalada das atividades ilegais e promover um desenvolvimento mais equitativo e justo para a Zona Oeste do Rio de Janeiro.