
Nesta terça-feira (19), a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os atos golpistas retoma seus trabalhos com um depoimento crucial. O ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques, será ouvido após a revelação do conteúdo das mensagens do celular do tenente-coronel Mauro Cid. A investigação envolve a suspeita de interferência na votação do segundo turno das eleições presidenciais de 2022, onde a PRF teria intensificado blitzes no Nordeste para dificultar o transporte de eleitores favoráveis ao então candidato Luiz Inácio Lula da Silva.
A relatora da CPMI, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), enfatizou que o objetivo é expor como a PRF teria sido utilizada pelo governo para fins eleitoreiros e destacou a importância de separar os envolvidos nessa empreitada antidemocrática. Paralelamente, a convocação do coronel do Exército Jean Lawand Júnior, que trocou mensagens com Mauro Cid sugerindo um golpe de Estado, também deve movimentar a CPMI.
O Pacto Pela Democracia, uma coalizão que defende a vida política e democrática no Brasil, apoiou a escolha de ouvir Silvinei Vasques, destacando a gravidade dos possíveis abusos de poder econômico e político relacionados ao uso indevido da máquina pública para fins eleitorais.
Além disso, a CPMI também apresentou requerimentos para ouvir Gabriela Cid, esposa de Mauro Cid, cujas mensagens apreendidas pela Polícia Federal revelam apoio a novas eleições e incitação para protestos contra o resultado das urnas. A defesa de Mauro Cid afirmou que as manifestações defensivas serão realizadas no processo em andamento no Supremo Tribunal Federal (STF).
A oposição, por sua vez, propôs novos requerimentos para ouvir pessoas ligadas ao atual governo, como o ex-GSI Gonçalves Dias e o ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Saulo Moura da Cunha. O presidente da comissão, deputado Arthur Oliveira Maia (União-BA), ressaltou a importância de ouvir todos os envolvidos para se chegar à verdade.
Além das investigações relacionadas aos atos golpistas, a CPMI também abordará um caso de ataque terrorista. Na quinta-feira (22), o empresário George Washington de Oliveira Sousa será ouvido por admitir ter colocado uma bomba em um caminhão próximo ao aeroporto de Brasília em dezembro de 2022. A oitiva do perito responsável por desativar o artefato também está programada.
A relatora Eliziane Gama afirmou que esclarecer os fatos do dia 24 de dezembro é fundamental para os trabalhos da CPMI, ressaltando que não se tratou de uma ação amadora, mas sim de uma tentativa de ato terrorista.