Presidente sanciona lei que inclui Zilda Arns no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria

Foto: Wilson Dias / Agência Brasil

 

Indicada três vezes ao Prêmio Nobel da Paz, médica pediatra e sanitarista foi decisiva no combate à mortalidade infantil, na proteção dos idosos e no trabalho voluntário

Foi publicada no Diário Oficial da União desta segunda-feira, 24/4, a Lei nº 14.552, que inscreve o nome de Zilda Arns Neumann no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria, depositado no Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves, em Brasília (DF).

Ao sancionar a lei, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em nome do Governo Federal, homenageia a médica pediatra, sanitarista e humanista catarinense e a reconhece como uma das mulheres mais atuantes na história da vida pública do país.

Nascida em 25 de agosto de 1934, em Forquilhinha (SC), Zilda Arns ocupou um papel de destaque no Brasil ao atuar com empenho para combater a desnutrição infantil, ao mesmo tempo em que trabalhou para valorizar a importância do trabalho voluntário.

Indicada por três vezes para o Prêmio Nobel da Paz e homenageada diversas vezes tanto em seu país quanto no exterior, Zilda Arns foi uma das fundadoras da Pastoral da Criança, ao lado de Dom Geraldo Majella Agnello, e a partir daí elaborou um importante plano para diminuir a mortalidade infantil no Brasil, principalmente a de crianças em condição de pobreza, vítimas de doenças que podiam em muitos casos serem evitadas facilmente.

Zilda Arns trabalhou junto às comunidades católicas e treinou voluntários para ensinar mães das camadas mais vulneráveis do país a usar o soro caseiro, que combate a diarreia e a desidratação e, assim, evita muitas das mortes infantis no país.

Prova da eficiência desta ação, a cidade de Florestópolis, no Paraná, reduziu a mortalidade infantil de 127 para 28 em cada mil crianças. Com o apoio da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), as ações baseadas no plano de Zilda Arns se expandiram nacionalmente e alcançaram 72% do território nacional.

Outro papel decisivo de Zilda Arns no combate à mortalidade infantil foi o empenho na reversão da síndrome da morte súbita em crianças. Em 2009, uma campanha liderada pela Pastoral da Criança reforçou para os pais a necessidade de colocar o bebê para dormir de barriga para cima, haja vista que evidências científicas apontavam que a posição de dormir em decúbito dorsal (barriga para cima) seria mais segura e relacionada, assim, à menor ocorrência de morte súbita.

IDOSOS

O trabalho de Zilda Arns também beneficiou os idosos. Em 2004, ela fundou a Pastoral da Pessoa Idosa e, a exemplo do que fez para proteger as crianças, capacitou líderes comunitários para auxiliar os idosos a controlar suas vacinas, a evitar acidentes em suas residências e a identificarem possíveis doenças físicas e emocionais. Segundo o Relatório Legislativo do Senado, esse projeto, com base no trabalho voluntário, atende hoje mais de cem mil idosos, em 579 municípios do País.

ÚLTIMOS ANOS 

Em seus últimos anos, Zilda Arns dividiu seu tempo entre diversos compromissos, atuando como coordenadora nacional da Pastoral da Pessoa Idosa e coordenadora internacional da Pastoral da Criança, além de participar como representante da CNBB no Conselho Nacional de Saúde e como membro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social.

Ela dedicou-se a ajudar as pessoas menos favorecidas por toda a sua vida e manteve-se ativa nesta causa até o dia de sua morte. Zilda Arns estava em missão de paz no Haiti em 12 de janeiro de 2010, quando faleceu de forma trágica, aos 75 anos, na capital Porto Príncipe. Após um forte terremoto, a brasileira acabou atingida pelos escombros no desabamento do teto de uma igreja onde fazia uma palestra.

Naquele dia, na última parte de seu discurso, Zilda Arns deixou um recado que sintetiza a mensagem de sua vida: “Como os pássaros que cuidam de seus filhos, ao fazer um ninho no alto das árvores e nas montanhas, longe dos predadores, das ameaças e dos perigos, e mais perto de Deus, devemos cuidar de nossos filhos como um bem sagrado, promover o respeito a seus direitos e protegê-los”.