Formação de federação entre PT e PSB enfrenta entraves

 

Aliados do ex-presidente Lula dizem que discussão está incômoda

 

As últimas declarações dadas pelo presidente do Partido Socialista Brasileiro (PSB), Carlos Siqueira, geraram um desconforto entre o Partido dos Trabalhadores (PT) e o PSB. O motivo: as declarações de Siqueira vieram à tona um dia após o PT fazer o maior gesto em direção ao PSB até agora.

A movimento do PT retira um pré-candidato que tinha mais de 30% das intenções de voto para o governo em Pernambuco (senador Humberto Costa) para apoiar um nome que ainda aparece com pontuação incipiente indicado pelo governador do estado, que é do PSB.

No dia seguinte, o presidente do PSB pediu mais, disse que para fazer uma federação gostaria que o PT cumprisse outros requisitos além dos que já estavam na mesa.

Segundo informações da âncora Daniela Lima, em conversa com um dirigente do PT, ele disse que as declarações irritaram todos no PT, e que os membros estão sem paciência sobre a forma como o PSB está impondo suas condições.

As condições perdem um pouco de sentido para o PT – que é o maior partido de esquerda e a maior bancada da Câmara dos Deputados – e está com expectativa muito grande de manter essa hegemonia diante de uma possível eleição do ex-presidente Lula.

O PSB queria que o número de prefeitos que ele elegeu entrassem na conta da federação, do tamanho de vagas destinado a cada partido, e isso não estava na mesa antes. Daniela Lima explica que isso daria uma condição melhor para o PSB negociar em 2024, quando haverá eleição municipal.

Embora a cúpula do PSB não quisesse formar uma federação, a bancada de deputados do PSB entende que é muito importante para garantir a reeleição dos quadros que estão lá hoje. Com a aproximação, Lula disse que se é importante para eles, valeria discutir a proposta com racionalidade.

Iuri Pitta conversou com o presidente do PSB – ele pontuou que essa crítica, de que os debates estão sendo feitos pelos jornais, é uma estratégia defendida por ele, pois acredita se tratar de um assunto público. Segundo Iuri Pitta, o presidente Carlos Siqueira argumenta que está defendendo a autonomia do PSB.

Pitta trouxe a informação que o PSB afirma haver um excesso de poder no jeito que está sendo desenhada a direção dessa federação, e que a provável eleição de mais deputados do PT em 2022 – o PT tende a aumentar a bancada e alguns deputados falam na possibilidade de chegar a 80 nomes – daria ainda mais poder nessa direção, que está sendo desenhada conforme a proporção de deputados eleitos.

Leandro Resende conversou com o vice-presidente do PT, Washington Quaquá, que afirmou achar muito difícil a possibilidade da formação de uma federação entre os partidos. Quaquá disse que seria bom fazer federação para tentar salvar o PCdoB, um partido que historicamente esteve aliado ao PT.

Do lado do PT, conforme análise de Leandro Resende, existe um ceticismo de que essa federação de fato vá sair do papel. Um dos problemas é a divisão dessa estrutura de direção da federação partidária.

Pelo critério adotado – de divisão proporcional pelas eleições de 2018 – o PT teria 27 assentos em um espaço de 50 diretores da federação; o PSB teria 15, um número bem menor, e o PCdoB e o PV ficariam com 4.

Essa divisão também é um problema que os partidos precisam resolver, caso ainda queiram seguir com a federação, avalia Resende.(CNN)