Objetivo é estudar a circulação das variantes da covid-19; unidade funciona 24h por dia
Este ano, o Lacen passou a estudar as cepas variantes da covid-19 e, até o momento, 2.374 análises já foram realizadas.
Com a ampliação do trabalho desempenhado no laboratório, os servidores passaram a dedicar mais horas do seu dia ao trabalho. Alguns, inclusive, abdicaram, por iniciativa própria, do convívio familiar para se dedicar ao estudo das variantes da covid-19, em nome da ciência.
O início
Em fevereiro, o Lacen-DF iniciou o trabalho de sequenciamento genômico para identificar as novas variantes do Sars-CoV-2. Todas as amostras antes eram enviadas para o sequenciamento no Instituto Adolfo Lutz – laboratório de referência indicado pelo Ministério da Saúde -, e o resultado poderia levar semanas.
Com as análises sendo realizadas no próprio Lacen-DF, o tempo-resposta dos casos passou a ser mais rápido. Em até cinco dias é possível obter o resultado dos exames analisados.
É com base nesses sequenciamentos que a Secretaria de Saúde consegue fazer a avaliação epidemiológica da origem dos casos das novas variantes, identificar a predominância no DF e também quando a nova cepa passa a ser de transmissão comunitária, o que ocorreu com a variante Delta e, mais recentemente, com a Ômicron.
O trabalho no Lacen-DF não para e, com a pandemia, passou a ser intensificado. O farmacêutico Brenno Vinícius Martins tenta descrever como foram os primeiros meses do ano passado trabalhando no laboratório. “Eu confesso que a adaptação foi muito difícil. Passei a trabalhar quase todos os finais de semana. Eu tive que mudar de setor para ajudar a equipe que realiza os diagnósticos dos exames de covid-19. O trabalho demandou muito mais atenção e senti o conflito entre ter que administrar a vida profissional com a vida pessoal”, explicou.
Brenno também tem atuado nos resultados dos sequenciamentos genômicos e entende o papel do seu trabalho durante a pandemia. “Me sinto muito cansado com o trabalho, mas fico feliz em saber que eu tenho ajudado de certa forma em dar uma resposta à população no combate à covid-19, e me dedicando para que os resultados saiam o mais rápido possível. Hoje eu carrego a esperança de dias melhores, mas com a preocupação com a nova variante”, destaca.
Para a técnica de laboratório do Lacen-DF, Eliane Maria dos Santos, a esperança é a palavra-chave para iniciar o próximo ano. Eliana também teve que mudar de setor para ajudar a equipe de diagnósticos da covid-19. A técnica, que trabalha há 20 anos no laboratório central, também sentiu um certo cansaço com o aumento de trabalho.
“O início foi muito puxado, era tudo novo. A volta para casa para mim era muito difícil, pois eu tenho um filho com diabetes tipo 1. Então eu tinha que entrar pela área de serviço e fazer toda a higienização. Eu fiquei meses sem abraçar o meu filho e só conversava com ele em casa usando máscara e com distanciamento. Eu tinha muito medo de me infectar e transmitir para ele”, conta.
Eliane tem para o próximo ano o sentimento de dias melhores. “Eu pude observar a diminuição da positividade dos diagnósticos à medida que a vacinação foi avançando. Então isso me traz esperança de que, por mais que ainda tenhamos o vírus circulando, que ao menos seja diferente do cenário que já vivenciamos. O meu recado hoje é que as pessoas se vacinem, não baixem a guarda ainda, e continue tomando os cuidados necessários. Eu perdi a minha irmã para a covid-19 e ela não teve a oportunidade de receber a vacina. Então eu falo para a família, amigos e para todos, que temos que vacinar para vencer essa luta”, pondera.
De março de 2020, até agora, o Lacen-DF já realizou 428.698 diagnósticos de exames para covid-19. Os testes são realizados diariamente e chegam ao laboratório pelas unidades de saúde pública do DF.