
Estudo da USP aponta melhora da pressão arterial e ação anti-inflamatória com consumo regular da bebida
Popular nas mesas brasileiras do café da manhã ao jantar, o suco de laranja também vem conquistando espaço nas bancadas de pesquisa científica ao redor do mundo. Um estudo recente publicado no periódico Molecular Nutrition & Food Research indica que a bebida pode contribuir para o controle da pressão arterial e apresentar ação anti-inflamatória, reforçando seu potencial na promoção da saúde cardiovascular.
A pesquisa foi conduzida no Centro de Pesquisas em Alimentos da Universidade de São Paulo (FoRC-USP), sob a coordenação dos professores Franco Lajolo e Neuza Hassimotto, com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e em parceria com a Universidade do Estado da Carolina do Norte, nos Estados Unidos. Ao todo, 85 adultos participaram do estudo, consumindo diariamente 500 ml de suco de laranja pasteurizado durante dois meses. Exames realizados no início, após 30 dias e ao final de 60 dias avaliaram colesterol, glicemia, marcadores inflamatórios, pressão arterial e percentual de gordura corporal.
Os resultados apontaram impactos positivos em todos os parâmetros analisados. Segundo os pesquisadores, compostos presentes na laranja melhoram a função endotelial, favorecendo a elasticidade dos vasos sanguíneos. A equipe também analisou a expressão gênica por meio de uma técnica de sequenciamento chamada análise transcriptômica. “Observamos a modulação de diversos genes envolvidos na regulação da pressão arterial, além de processos inflamatórios e de estresse oxidativo”, explicou a professora Neuza Hassimotto.
Muito além da conhecida vitamina C, a laranja reúne minerais como o potássio, fibras e uma variedade de compostos bioativos. Entre eles estão os flavonoides, com destaque para a hesperidina, quase exclusiva dos cítricos e associada à melhora da pressão arterial, e a narirutina, reconhecida por sua capacidade antioxidante e anti-inflamatória. Esses compostos ajudam a neutralizar radicais livres, relacionados a danos celulares e ao desenvolvimento de doenças crônicas.
Originária de regiões tropicais da Ásia e trazida ao Brasil pelos portugueses, a laranja se adaptou bem ao solo nacional e tornou-se um dos alimentos mais acessíveis à população. Variedades como pera, bahia, seleta e lima apresentam diferenças de sabor, mas compartilham o valor nutricional. Nutricionistas recomendam o consumo da fruta in natura ou do suco sem coar e sem adição de açúcar, para preservar as fibras e educar o paladar.
Apesar dos benefícios, especialistas alertam que o consumo deve ser equilibrado e inserido em um estilo de vida saudável. Os efeitos positivos observados na pesquisa dependem da combinação com alimentação balanceada, prática de atividade física e bons hábitos de sono.









