
Encontro reúne governo, sociedade civil e empresariado; propostas abrangem desenvolvimento econômico, redução das desigualdades, inovação tecnológica, sustentabilidade e políticas sociais até 2035
A 6ª Reunião Plenária do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social Sustentável (CDESS), o Conselhão, realizada nesta quinta-feira (4) no Palácio Itamaraty, em Brasília, reuniu representantes do governo federal, da sociedade civil organizada e do empresariado brasileiro. O encontro consolidou a retomada do espaço de diálogo institucional após a reativação do órgão em 2023. Criado em 2003, no primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o conselho havia sido extinto em 2019 e voltou a operar como instrumento de participação social e construção de políticas públicas.
Durante a reunião, o ministro da Educação, Camilo Santana, destacou a importância do diálogo direto com a sociedade civil. “As políticas governamentais são construídas para atender às demandas da sociedade. Essa escuta é fundamental”, afirmou.
Metas para o futuro
Os conselheiros entregaram ao presidente Lula o documento “Pilares de um Projeto de Nação”, que reúne metas estratégicas para orientar o desenvolvimento econômico, social e sustentável do Brasil nos próximos anos. As propostas foram formuladas a partir da Estratégia Brasil 2050, coordenada pelo Ministério do Planejamento, combinando metas para a próxima década e ações concretas para cinco anos.
Segundo o secretário-executivo do Conselhão, Olavo Noleto, o processo se baseou em debates amplos sobre temas como envelhecimento populacional, novas tecnologias, mercado de trabalho e transformação social. “Os diferentes estão aqui, o que é uma riqueza. Num país em que diferenças são disputadas, aqui mostramos que elas são possíveis”, afirmou.
Participação ampla e pautas diversas
Com 289 conselheiros, o colegiado reúne diversos setores da sociedade. O produtor rural Eraí Maggi elogiou avanços em biotecnologia, crédito e regulamentações recentes, ressaltando o fortalecimento da produção agrícola. A empresária Luiza Trajano celebrou a queda do desemprego a 5,4% e a regulação das bets, mas criticou a alta de juros e pediu engajamento empresarial no combate à violência contra mulheres.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, apresentou resultados positivos da economia, como aumento salarial, redução da pobreza e saída do Brasil do Mapa da Fome. Em comparação à política fiscal da Argentina, declarou: “Não precisamos de uma serra elétrica para corrigir nossos desequilíbrios, mas de uma chave de fenda”.
A cientista da computação Nina da Hora defendeu maior soberania digital, com investimentos em soluções tecnológicas nacionais e reforço às universidades públicas. Já a dirigente sindical Mônica Veloso reafirmou a importância das políticas sociais recentes e cobrou atenção especial aos aposentados e ao fim da escala 6×1.
O ativista social Preto Zezé destacou a urgência de renovar o debate sobre segurança pública com foco em intervenções integradas nos territórios urbanos e no reconhecimento da economia das favelas, estimada em R$ 312 bilhões. O influenciador e ativista Ivan Baron reforçou a necessidade de garantir orçamento e proteção às políticas destinadas às pessoas com deficiência, especialmente ao BPC.
Entregas da reunião
Além do documento principal, o Conselhão apresentou ainda:
Projeto Move Mundo, que levou propostas da comunidade científica da Amazônia à COP30, em Belém.
Agenda Positiva do Agro 2025, com práticas sustentáveis já adotadas pelo setor.
Portfólio de Investimentos da Transformação Ecológica, organizado pelo Ministério da Fazenda, com dados sobre projetos públicos e privados ligados à bioeconomia, energia renovável e soluções baseadas na natureza.
A reunião reforçou a função do Conselhão como espaço de diálogo democrático e construção coletiva de caminhos para o desenvolvimento sustentável e inclusivo do país.










