
Jucimar Fonseca e Thiago Schettini, apontados como peças-chave no esquema, não comparecem; parlamentares afirmam que ausência prejudica investigações
A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Senado que apura desvios no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) cancelou a sessão prevista para esta segunda-feira (17) após a ausência dos dois investigados que seriam ouvidos. Ambos apresentaram justificativas formais — um por atestado médico e outro por decisão judicial — que impediram a continuidade dos trabalhos.
O ex-coordenador de Pagamentos e Benefícios do INSS, Jucimar Fonseca da Silva, apresentou atestado médico e informou que não compareceria à oitiva, apesar de a Junta Médica da CPMI ter concluído que ele estava apto a participar. Fonseca é considerado figura central no caso, tendo defendido a retomada de convênios com entidades suspeitas de desviar recursos de aposentados e pensionistas.
Foram apresentados 11 requerimentos para convocá-lo, assinados tanto por parlamentares da base governista quanto da oposição. O deputado Paulo Pimenta (PT-RS) reforçou a necessidade de ouvi-lo, afirmando que seu parecer técnico teria contribuído para a reativação de parcerias sob investigação.
“O depoimento permitiria esclarecer quais critérios técnicos foram utilizados para validar convênios e se houve diligências ou auditorias antes da aprovação dos descontos”, justificou Pimenta.
Habeas corpus garante ausência de empresário
O segundo depoente previsto, o empresário Thiago Schettini, também não comparecerá após obter habeas corpus concedido pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) André Mendonça.
Embora convocado como testemunha, Schettini é investigado pela Justiça e alegou risco de autoincriminação. Na decisão, Mendonça destacou que, diante do indicativo de que o convocado estaria na condição de investigado, seu comparecimento à CPI torna-se facultativo.
Schettini foi convocado a partir de três requerimentos de parlamentares governistas. Ele é suspeito de atuar como “facilitador” do esquema de corrupção no INSS e já foi alvo de investigações da Polícia Federal (PF). A PF aponta possíveis vínculos entre suas viagens e operações financeiras suspeitas, além de recebimentos de recursos do empresário Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, apontado como operador do esquema. Todos negam envolvimento.
Desdobramentos do caso
O cancelamento da sessão ocorre em meio a avanços recentes na investigação. Na semana passada, a PF prendeu o ex-presidente do INSS Alessandro Stefanutto, no âmbito de uma operação que apura um esquema nacional de descontos associativos não autorizados aplicados a aposentados e pensionistas.
No mesmo dia, o ex-ministro do Trabalho e Previdência do governo Jair Bolsonaro, José Carlos Oliveira, além de dois parlamentares, passaram a ser investigados por suposto envolvimento nas irregularidades.
A CPMI deve remarcar as oitivas, mas ainda não há previsão para uma nova sessão.









