
Presidente afirma que mobilização popular em Belém fortalece governança climática global; documento final da Cúpula critica “falsas soluções” e cobra avanços na transição justa
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, neste domingo (16), que a Cúpula dos Povos realizada paralelamente à 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), foi fundamental para tornar o evento global viável. Em carta enviada aos participantes e lida pela ministra Marina Silva durante o encerramento, Lula ressaltou que a participação popular é indispensável para enfrentar a crise climática.
Segundo o presidente, a presença massiva de movimentos sociais, povos indígenas, comunidades tradicionais e organizações da sociedade civil reforça a legitimidade das ações de combate às mudanças climáticas. “A COP30 não seria viável sem a participação de vocês. Essa extraordinária concentração de pessoas que acreditam que outro mundo é possível e necessário”, afirmou.
Lula também revelou que retorna a Belém no próximo dia 19 para um encontro com o secretário-geral da ONU, António Guterres, com o objetivo de fortalecer o multilateralismo e a governança global do clima. Durante a visita, o presidente participará de reuniões com representantes de diversos países, governadores, prefeitos e lideranças da sociedade civil.
O chefe do Executivo destacou ainda que combater a mudança do clima exige mobilização conjunta e criticou o negacionismo climático. Para ele, decisões sobre transição justa, adaptação e financiamento climático são urgentes e não podem continuar sendo adiadas. “Mudar a nossa relação com o planeta é uma tarefa urgente. No mundo que desejamos, a devastação dá lugar ao desenvolvimento sustentável”, escreveu.
Documento final critica capitalismo, desigualdades e “falsas soluções”
A Cúpula dos Povos, que reuniu cerca de 70 mil pessoas em Belém ao longo de cinco dias, terminou com um grande “banquetaço” na Praça da República e com a leitura de uma carta final. O documento critica o que os participantes chamam de “falsas soluções” para enfrentar a emergência climática e aponta o modelo de produção capitalista como principal responsável pela crise ambiental.
A carta destaca que comunidades periféricas e populações vulneráveis são as mais afetadas por eventos climáticos extremos e pelo racismo ambiental. Também faz críticas ao avanço da extrema direita, ao fascismo e às guerras no mundo, além de expressar apoio ao povo palestino e condenar a atuação militar dos Estados Unidos no Caribe sob pretexto de combate ao narcotráfico.
O documento foi entregue ao presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, que se comprometeu a apresentá-lo nas reuniões de alto nível da conferência que começam nesta segunda-feira (17).
Participação recorde e críticas à COP30
Considerada o maior espaço de participação social da conferência climática, a Cúpula reuniu movimentos locais, nacionais e internacionais, incluindo indígenas, quilombolas, pescadores, extrativistas, comunidades ribeirinhas, sindicatos, juventudes, população em situação de rua e grupos LGBTQIAPN+.
As cerca de 1,3 mil organizações presentes criticaram a pouca participação popular na COP30 e cobraram ações mais efetivas dos países ricos para garantir o cumprimento da meta de limitar o aquecimento global a 1,5°C, prevista no Acordo de Paris.
Com debates, atos públicos e mobilizações culturais, a Cúpula dos Povos buscou mostrar que a crise climática atinge de maneira desigual diferentes grupos sociais e que enfrentar esses impactos exige justiça climática, inclusão social e protagonismo dos povos da floresta e das periferias.









