Cappelli: Ética de fachada e a máquina oculta

 

 

Acusações expõem contradições entre discurso ético de Cappelli e práticas atribuídas ao seu grupo político

O presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e pré-candidato apoiado por Rodrigo Rollemberg (PSB), Ricardo Cappelli, voltou a ser alvo de fortes críticas e acusações que colocam em xeque o discurso de ética, moralidade e correção que ele próprio utiliza como bandeira pública. Denúncias obtidas pelo Diário do Poder apontam que Cappelli teria se beneficiado de uma estrutura paralela de comunicação — supostamente abastecida com recursos e pessoal vinculados ao seu entorno político — para impulsionar sua pré-campanha no Distrito Federal.

As acusações afirmam que o grupo operava em uma sala no Edifício Ariston, no Setor Comercial Sul, tratada internamente como um verdadeiro “bunker político”. O local, ainda segundo as denúncias, abrigaria uma equipe dedicada à produção de conteúdo digital, interação simulada com eleitores e ataques a adversários, em ações que poderiam configurar campanha antecipada e uso indireto da máquina pública para fins eleitorais.

Se confirmadas, as práticas denunciadas revelariam um abismo entre o discurso público de Cappelli — que se apresenta como defensor da moralidade e da ética na vida pública — e as condutas atribuídas ao núcleo que o assessora politicamente.

Rotina rígida e produção de presença digital artificial

Mensagens internas mostram metas diárias consideradas agressivas e um controle rigoroso sobre o desempenho de integrantes do grupo, todos orientados a sustentar a imagem virtual do pré-candidato. Entre as diretrizes, destacam-se:

  • 70 comentários e 10 publicações por dia nas redes sociais;

  • 60 mensagens e 30 ligações via WhatsApp;

  • linguagem artificialmente “humanizada”, com uso controlado de emojis e atenção redobrada à gramática.

Trechos de mensagens enfatizam a necessidade de manter a imagem “impecável” do pré-candidato:
“O Cappelli é jornalista, não podemos ter erros de português.”

Denúncias também indicam a compra de telefones e notebooks destinados exclusivamente a impulsionar a presença online atribuída ao próprio Cappelli, ampliando artificialmente sua interação com o público.

Relatos de abusos e ambiente marcado pelo medo

Além da suspeita de uso de estrutura paralela, ex-integrantes denunciaram demissões inesperadas, ausência de registro e atraso em pagamentos, descrevendo um ambiente de tensão e insegurança. Um deles afirmou:

“O Cappelli é vingativo. Eles perseguem. Todo mundo tem medo de aparecer.”

Os relatos reforçam a percepção de que a prática cotidiana atribuída ao grupo contrasta frontalmente com o discurso público adotado pelo presidente da ABDI.