Haddad diz que ministros devem preparar encontro entre Lula e Trump após crise das tarifas

© Marcelo Camargo/Agência Brasil

 

O ministro da Fazenda afirmou que conversas em nível ministerial antecederão a reunião entre os presidentes e defendeu uma solução política, e não comercial, para as sobretaxas impostas pelos Estados Unidos.

 


O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta terça-feira (7) que haverá conversas ministeriais prévias antes de um encontro presencial entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A declaração ocorre em meio às tensões diplomáticas causadas pelas sobretaxas de até 40% aplicadas pela Casa Branca sobre produtos brasileiros.

Até uma reunião presencial entre os presidentes, acredito que vai haver alguma conversa no nível ministerial para preparar esse encontro. Não existe reunião entre presidentes sem preparo prévio, não tem”, disse Haddad, reforçando que o diálogo técnico será essencial para avançar nas negociações.

Segundo o ministro, a questão entre Brasil e Estados Unidos não é de natureza comercial, mas política, e por isso o governo brasileiro não pretende negociar item a item das tarifas impostas. “É preciso superar a questão política para chegar a uma resolução ampla”, destacou.

Apesar de minimizar o impacto macroeconômico imediato do tarifaço, Haddad reconheceu que diversas empresas brasileiras já sentem os efeitos da medida, o que exige rapidez nas tratativas diplomáticas.

Na segunda-feira (6), Lula e Trump tiveram uma conversa virtual de cerca de 30 minutos, considerada positiva pelo Palácio do Planalto. No diálogo, o presidente brasileiro pediu a revogação das tarifas e reiterou o convite para que Trump participe pessoalmente da COP30, que será realizada em 2026, em Belém (PA).

O líder norte-americano, por sua vez, elogiou a conversa nas redes sociais e prometeu um encontro presencial “em um futuro não muito distante”, afirmando acreditar que os dois países “se darão muito bem”.

A reaproximação entre os governos marca uma mudança de tom nas relações bilaterais, após meses de crise diplomática iniciada com o anúncio das tarifas em julho. Desde então, o governo brasileiro tentava contato com Washington sem sucesso.

O primeiro sinal de abertura partiu do próprio Trump, em 23 de setembro, quando, após o discurso de Lula na Assembleia Geral da ONU, o republicano declarou ter tido “excelente química” com o petista e disse esperar “uma conversa mais longa em breve”.

Agora, com as tratativas em andamento, o Planalto aposta que o diálogo ministerial possa destravar os impasses e pavimentar o caminho para o reencontro presencial entre os dois líderes, visto como crucial para a retomada da cooperação econômica e diplomática entre Brasil e Estados Unidos.