
Ministro Flávio Dino negou mandado de segurança da defesa e confirmou decisão da Câmara, que cassou o mandato por faltas decorrentes da prisão preventiva.
O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou nesta quinta-feira (28) um mandado de segurança apresentado pela defesa e manteve a cassação do mandato do ex-deputado Chiquinho Brazão, acusado de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, em 2018.
Brazão foi cassado em abril deste ano pela Mesa Diretora da Câmara dos Deputados após acumular 72 faltas não justificadas em sessões plenárias. Ele estava há mais de um ano em prisão preventiva, medida que, segundo o regimento da Casa, não se enquadra entre as hipóteses de licença parlamentar. Atualmente, cumpre prisão domiciliar enquanto aguarda julgamento.
Dino destacou que a decisão da Câmara está em conformidade com o artigo 55 da Constituição, que prevê a perda de mandato de parlamentares que faltarem a um terço das sessões ordinárias. Para o ministro, a presença física no Parlamento é indispensável:
“A presença física na sede do respectivo Poder deve ser a regra, admitindo-se apenas episodicamente o ‘trabalho remoto’, em razão da imperatividade do controle social mais forte e eficaz sobre os órgãos de cúpula do Estado”, escreveu.
A defesa alegou que a cassação viola a presunção de inocência, já que Brazão não foi condenado, e criticou o entendimento da Mesa Diretora de que ausências por prisão preventiva equivalem a faltas injustificadas. Para os advogados, isso cria “uma nova hipótese de restrição dos direitos políticos”.
Apesar de rejeitar o pedido, Flávio Dino deixou em aberto a possibilidade de a decisão da Câmara ser revista, dependendo do desfecho da ação penal sobre o assassinato de Marielle.
O caso
Chiquinho Brazão foi denunciado junto com seu irmão, Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro (TCE-RJ). Ambos são apontados pela Procuradoria-Geral da República como mandantes do crime, motivado por disputas políticas e territoriais ligadas a milícias na Zona Oeste do Rio.
O ex-policial militar Ronnie Lessa, executor confesso do assassinato, firmou delação premiada e incriminou os irmãos Brazão. Também é réu no processo o ex-chefe da Polícia Civil do Rio, Rivaldo Barbosa.