
Rover Perseverance identifica sinais orgânicos em rocha da cratera Jezero, mas cientistas alertam que achados ainda não são conclusivos
Sessenta anos depois da primeira missão enviada a Marte, a Mariner 4, que em 1965 registrou as primeiras imagens do planeta vermelho, a ciência espacial pode estar diante da descoberta mais promissora de sua história. A Nasa anunciou, no último dia 10, que o rover Perseverance encontrou indícios que podem apontar para a existência de vida antiga fora da Terra.
Segundo a agência, uma rocha chamada Chevaya Falls, localizada na cratera Jezero — região onde rios e lagos existiram há bilhões de anos — apresentou uma combinação de minerais e material orgânico que pode ser resultado de microfósseis. De acordo com cientistas, os sinais lembram marcas deixadas por microrganismos após metabolizarem matéria orgânica.
A descoberta, que vinha sendo analisada há cerca de um ano em laboratórios da agência, foi confirmada após revisão por pares e publicada na prestigiada revista Nature.
Cautela científica
Apesar do entusiasmo, a equipe internacional responsável pelo estudo alerta que os achados não são conclusivos. Os traços observados também podem ter origem em processos abióticos, isto é, em reações químicas não relacionadas à presença de vida.
A astrônoma brasileira Rosaly Lopes, vice-diretora de Ciências Planetárias do Jet Propulsion Laboratory da Nasa, destacou que a confirmação só será possível quando as amostras coletadas pelo Perseverance forem trazidas à Terra. “Os resultados são animadores, mas apenas a análise em laboratórios terrestres poderá nos dar certeza”, explicou.
Missão futura
O administrador interino da Nasa, Sean Duffy, afirmou que a missão de resgate das amostras ainda depende da definição de orçamento, tempo e tecnologia. A operação, considerada uma das mais complexas já planejadas, deverá marcar um novo capítulo na exploração espacial e no esforço humano para responder a uma das maiores perguntas da ciência: estamos sozinhos no universo?