
Após condenação de Bolsonaro no STF, Congresso retoma debates com cenário de tensão entre governo e aliados do ex-presidente
A semana política em Brasília começa com atenções voltadas para o Congresso Nacional. De um lado, o Palácio do Planalto trabalha para concluir a votação da proposta que amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil mensais. De outro, a oposição intensifica a pressão por uma anistia ampla que beneficie os envolvidos na tentativa de golpe, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro, condenado a 27 anos e 3 meses de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), sinalizou disposição em pautar o projeto do IR. Para isso, nomeou Arthur Lira (PP-AL), seu antecessor, como relator da matéria em plenário — papel que já havia desempenhado na comissão especial.
Enquanto isso, os aliados de Bolsonaro reforçam a articulação pela anistia. A proposta, contudo, encontra resistência na cúpula do Congresso, sobretudo no Senado, onde o presidente Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) evita dar aval ao plano. O governo também atua para barrar o movimento, chegando a ameaçar exonerar indicados políticos de parlamentares que se alinharem à oposição.
Segundo fontes do Planalto, a relação com Hugo Motta foi fortalecida após sua presença em cerimônia ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, logo após a decisão do STF. O gesto foi interpretado como um indicativo de apoio contra a anistia.
Auxiliares de Lula avaliam que a contundência da condenação de Bolsonaro, somada à postura dos ministros Luís Roberto Barroso e Gilmar Mendes durante o julgamento, pode diminuir o ímpeto de parte do Centrão em apoiar a proposta de perdão.
A expectativa agora é que a reunião de líderes da Câmara, marcada para esta terça-feira (16), aponte os próximos passos em relação à pauta da anistia e à votação da isenção do Imposto de Renda.