Em prisão domiciliar, Bolsonaro aposta em anistia para escapar de condenação

Jair Bolsonaro Foto: Divulgação

 

Mesmo “debilitado”, ex-presidente mantém encontros políticos em casa e delega a Ciro Nogueira a missão de pressionar o Congresso.

 

 


Há um mês em prisão domiciliar, Jair Bolsonaro (PL) tenta equilibrar a condição de réu sob forte risco de condenação no Supremo Tribunal Federal (STF) com sua sobrevivência política. Segundo o senador Ciro Nogueira (Progressistas), aliado de longa data, o ex-presidente se encontra “triste e debilitado”, mas não deixou de se movimentar.

Recolhido em sua residência no Jardim Botânico, em Brasília, Bolsonaro tem recebido visitas frequentes de apoiadores e dirigentes partidários. Nas conversas, o tema central é a proposta de anistia em tramitação no Congresso, articulada pela oposição. “Ele me deu essa missão de lutar pela anistia, e eu vou cumpri-la”, afirmou Nogueira.

A postura do ex-presidente revela um paradoxo: enquanto enfrenta acusações graves ligadas à tentativa de golpe de Estado e violações de medidas judiciais, Bolsonaro segue como referência da direita e busca influenciar as eleições de 2026. Para Nogueira, “o único que não pode perder a eleição é Bolsonaro”, deixando claro que a estratégia é preservar o capital político do líder, ainda que sua situação jurídica se agrave.

Na próxima semana, o julgamento do núcleo principal da trama golpista deve definir os rumos do ex-presidente. Entre a tristeza relatada por aliados e a aposta numa anistia improvável, Bolsonaro enfrenta talvez o maior teste de sua trajetória política.