
Projeto de pesquisa foi implementado para automatizar e acelerar a eficiência na prestação de serviços em áreas como saúde, educação e segurança pública
O Governo do Distrito Federal (GDF) deu mais um passo importante rumo à modernização na gestão pública. Com financiamento da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti-DF), foi estruturado o Centro Integrado de Inteligência Artificial (CIIA), colocando a capital federal como referência quando o assunto é inovação. O projeto de pesquisa é considerado a primeira infraestrutura de alto desempenho em inteligência artificial (IA) dentro do governo, com o objetivo de automatizar projetos em áreas estratégicas do Executivo local, como saúde, educação e segurança pública.
A proposta é oferecer um espaço compartilhado para órgãos do governo, instituições acadêmicas e setor produtivo, permitindo que pesquisadores, servidores e startups desenvolvam soluções de impacto social. O modelo prevê credenciamento por meio de projetos, avaliados por critérios como relevância para a gestão pública, viabilidade técnica e resultados esperados para a população.
Até agora, já foram investidos cerca de R$ 400 mil em infraestrutura e equipamentos, com previsão de R$ 800 mil até o fim de 2025, e R$ 6 milhões adicionais em dois anos. A expectativa é executar mais de 10 projetos-piloto nos primeiros 12 meses de operação, além de capacitar 300 profissionais e firmar ao menos 15 parcerias formais com universidades, centros de pesquisa e empresas.
“Ter um centro integrado de inteligência artificial dentro do governo significa trazer a ciência e a tecnologia para dentro das políticas públicas. Isso nos permite planejar e executar estratégias com base em dados concretos, desenvolver soluções ágeis e inovadoras e, ao mesmo tempo, garantir mais eficiência e economia aos cofres públicos. Com o CIIA, será possível transformar inovação em benefício direto para o cidadão”.
Marco Antônio Costa Júnior, secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação do DF
A meta central do CIIA é usar a inteligência artificial não apenas para aumentar a eficiência administrativa, mas também para democratizar o acesso a serviços públicos de qualidade. Nos próximos três anos, o objetivo é gerar R$ 15 milhões em economia de recursos, criar mais de 20 startups e colocar em produção pelo menos 30 soluções de IA.
“Para a população, são inúmeros os benefícios. Primeiro, na questão do treinamento porque conseguimos disponibilizar competências sobre o uso da inteligência artificial por meio de capacitação de educadores e também da população em geral, com cursos oferecidos dentro da plataforma ou no site do CIIA. Além disso, de forma mais pontual, as soluções em desenvolvimento, por exemplo nas áreas de saúde e educação, vão melhorar os serviços públicos, reduzindo o tempo de espera e melhorando o atendimento”, esclareceu o professor da Universidade do DF e coordenador do centro, Ricardo Sampaio.
Mais eficiência na gestão pública
Na saúde, o sistema RegulaSense reduziu em 60% o tempo de análise de encaminhamentos médicos no SUS, acelerando o acesso de pacientes a consultas e exames. Na educação, um sistema de auditoria inteligente do Cartão PDAF prevê cortar em 70% o tempo de detecção de irregularidades no uso dos recursos. Na segurança, estão em desenvolvimento iniciativas de análise preditiva e otimização de recursos policiais.
Além dos projetos em andamento, o CIIA já mapeou 20 desafios em secretarias do GDF, firmou 15 parcerias com instituições de ensino e disponibilizou 5 mil licenças de capacitação em tecnologia da informação e IA para a população, além de mil licenças específicas para professores.
Tecnologia em benefício da população
O Laboratório Multiusuário do CIIA funciona em modelo multiusuário, com base em créditos computacionais com três níveis de prioridade — estratégica, acadêmica e experimental. A estrutura inclui um sandbox ético de IA — quando os algoritmos de inteligência artificial podem ser utilizados em condições adequadas —, para garantir transparência e segurança nos testes, além da integração com os Núcleos de Inteligência Artificial (NIAs) setoriais, que aplicam soluções diretamente em áreas como saúde, educação, segurança e justiça.
Segundo a equipe técnica, o processo de desenvolvimento envolve desde a identificação de problemas específicos até a implementação prática da solução, sempre acompanhado por especialistas que oferecem suporte desde dúvidas básicas até consultoria avançada.
“O projeto tem cerca de 80 pessoas e, em cada núcleo, de três a quatro professores, e seis a sete alunos. Hoje temos parceria com universidades públicas e privadas do DF, que entram com o corpo técnico de pesquisadores e alunos no desenvolvimento das soluções. Também temos parceria com Sebrae, Senai e Senac, que ajudam na capacitação e treinamento para a indústria, o comércio e o empreendedorismo”, acrescentou o professor Ricardo Sampaio.
DF na vanguarda
Criado em maio de 2023, o Centro de Inteligência Artificial do DF se consolidou como centro estratégico da política de IA no governo local. Combinado ao Laboratório Integrado de Inteligência Artificial (LIA) e aos NIAs setoriais, o modelo busca posicionar Brasília como referência em GovTech no Brasil.
O DF se destaca porque é o único ente federativo do país a contar com um centro integrado de inteligência artificial dentro da própria estrutura governamental, responsável não apenas por traçar diretrizes e orientações sobre o tema, mas também por implementar soluções concretas na prática, em benefício direto da população.
“Temos várias iniciativas parecidas no país, mas em termos de centro de inteligência artificial do governo, o DF é pioneiro. Normalmente, as que existem em outros estados estão dentro da academia. Aqui, por ser um centro do governo, conseguimos articular a tríplice hélice: a academia desenvolvendo soluções com sua competência, o governo aplicando diretamente em suas demandas e o setor produtivo sendo apoiado, inclusive com contratações simplificadas. Assim, aumentamos a eficiência da máquina pública e estimulamos o desenvolvimento do ecossistema local”, arrematou o professor Ricardo Sampaio.
Com informações da Agência Brasília