
Senador cobra abertura de impeachment de Alexandre de Moraes e diz que país vive “momento de exceção”
O senador Rogério Marinho (PL-RN), líder da oposição no Senado, anunciou nesta terça-feira (5) o início de uma obstrução nas atividades legislativas do Congresso Nacional em resposta à prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro. Segundo Marinho, a medida inclui ocupação simbólica das Mesas Diretoras no Senado e na Câmara dos Deputados por parlamentares da oposição.
“Hoje, no Senado e na Câmara, ocupamos as Mesas e vamos obstruir as sessões. O Senado está com cinco senadores sentados na Mesa. Na Câmara também. É uma medida extrema, mas necessária”, declarou o senador em coletiva de imprensa.
O parlamentar criticou duramente o presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União-AP), por, segundo ele, ignorar os pedidos da oposição para discutir o pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). “O senador precisa ter estatura para dar andamento ao processo. É um desrespeito com a Casa e o Parlamento”, afirmou Marinho, que também disse não conseguir interlocução com Alcolumbre há mais de duas semanas.
Marinho classificou o momento político atual como um “estado de exceção” e voltou a criticar o inquérito das fake news, conduzido pelo ministro Moraes, chamando-o de “ovo da serpente” que, segundo ele, estaria minando as garantias democráticas no país.
Entre as propostas defendidas durante a coletiva, Marinho destacou a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que extingue o foro privilegiado para autoridades e reafirmou seu apoio à anistia dos condenados pelos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023. “É uma medida importante para reconciliar o país”, afirmou.
A prisão domiciliar de Jair Bolsonaro foi determinada nesta segunda-feira (4) pelo ministro Alexandre de Moraes, após o ex-presidente descumprir medidas cautelares impostas pelo STF, incluindo a proibição do uso de redes sociais e a participação em atos políticos. A medida agravou a tensão entre o Judiciário e os aliados do ex-presidente, que agora intensificam a pressão dentro do Congresso.
A expectativa é de que a obstrução promovida pela oposição comprometa temporariamente a votação de projetos importantes no Senado e na Câmara, enquanto cresce a mobilização dos grupos bolsonaristas por medidas mais contundentes contra o Supremo Tribunal Federal.