Educação impulsiona mercado de trabalho e desemprego atinge menor nível da história

© Paulo Pinto/Agência Brasil

O Brasil registrou no segundo trimestre de 2025 a menor taxa de desemprego da série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), iniciada em 2012. Segundo dados divulgados nesta quinta-feira (31) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desocupação no país ficou em 5,8% no trimestre encerrado em junho, o menor patamar já apurado.

O número de brasileiros ocupados chegou a 102,3 milhões de pessoas, também um recorde na série. O destaque do período foi o setor de administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais, que impulsionou as contratações. Foram 807 mil novas vagas, um crescimento de 4,5% em relação ao trimestre anterior.

Educação lidera contratações

Dentro desse grupo de atividades, foi a educação — tanto pública quanto privada — a principal responsável pelo aumento no número de ocupados. As contratações envolveram principalmente prefeituras, em cargos como professores, serventes, inspetores e porteiros, em um movimento considerado sazonal pelo IBGE.

“A administração pública costuma dispensar trabalhadores entre dezembro e janeiro, e recontratar a partir de março, com o retorno do calendário letivo. Esse padrão se repetiu neste ano, impulsionando a ocupação no segundo trimestre”, explicou Adriana Beringuy, coordenadora de Pesquisas por Amostra de Domicílios do IBGE.

A atividade da educação foi acompanhada também por crescimento no setor de saúde, contribuindo para o bom desempenho do grupamento como um todo, o segundo maior em número de postos de trabalho no país, atrás apenas do setor de comércio, reparação de veículos e motocicletas, que emprega 19,5 milhões de pessoas.

Outros setores

Dos dez grupamentos de atividades pesquisados, nove apresentaram estabilidade no número de trabalhadores e apenas o setor da administração pública teve expansão significativa. Veja como se comportaram os demais setores entre o primeiro e o segundo trimestres de 2025:

  • Comércio, reparação de veículos e motocicletas: +258 mil vagas (alta de 1,3%)

  • Informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas: +223 mil vagas (1,7%)

  • Indústria geral: +163 mil vagas (1,2%)

  • Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura: +126 mil vagas (1,7%)

  • Transporte, armazenagem e correio: +123 mil vagas (2,1%)

  • Outros serviços: +101 mil vagas (1,9%)

  • Serviços domésticos: +60 mil vagas (1,1%)

  • Construção: -14 mil vagas (queda de 0,2%)

  • Alojamento e alimentação: -55 mil vagas (queda de 1%)

Nova base de dados

Os dados divulgados são os primeiros da Pnad Contínua com base na nova amostra de domicílios representativos, reponderada a partir do Censo Demográfico de 2022. Apesar da atualização, a coordenadora do IBGE afirmou que as alterações nos resultados foram mínimas.

“A dinâmica do mercado de trabalho foi a mesma”, garantiu Beringuy. Das 159 medições trimestrais realizadas desde 2012, apenas 25 tiveram mudanças na taxa de desocupação, com variações de no máximo 0,1 ponto percentual para mais ou para menos.

Desde outubro de 2021, nenhum trimestre teve alteração com a atualização da base. O maior índice de desemprego da série continua sendo de 14,9%, registrado nos trimestres encerrados em setembro de 2020 e março de 2021, auge da pandemia de covid-19.

Com os dados mais recentes, o Brasil consolida uma fase de recuperação sólida do mercado de trabalho, sustentada por investimentos em infraestrutura, demanda aquecida no mercado interno e expansão de contratações no setor público, especialmente nas áreas de educação e saúde.