No Hospital de Base, colaboradora e paciente criam laços durante o processo de recuperação e mostram que a amizade pode surgir mesmo nos momentos mais difíceis
Por Luciane Paz
Durante os dias mais difíceis de sua vida, Sérgio Willian Vieira de Sousa encontrou algo que não esperava em um ambiente hospitalar: uma amizade verdadeira. Em 2023, após ser diagnosticado com meningite e internado em estado grave no Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF), Willian precisou ser internado na UTI, perdeu a fala e os movimentos. A recuperação foi lenta, mas acompanhada de perto pela equipe multiprofissional da unidade e por um laço especial que surgiu ao longo do processo.
Foi nesse contexto que ele conheceu Prys Hellen de Paula Dias, chefe de assistência do HBDF, unidade administrada pelo Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do DF (IgesDF). O que começou com breves trocas de palavras durante as visitas da profissional ao leito, se transformou em uma amizade duradoura, cheia de carinho e respeito.
“Ele tinha um brilho especial no olhar, de quem estava lutando pela vida”, relembra Prys. “Acompanhar a evolução dele, dia após dia, me tocou profundamente. Eu fazia questão de passar no leito dele todas as manhãs para dar bom dia e ver como ele estava”.
Willian guarda com carinho esses gestos, que fizeram diferença em sua recuperação. Um momento marcante, ele conta, foi no dia da alta hospitalar. Sem roupas para ir embora, pensou que teria de permanecer mais um dia no hospital. Foi quando ouviu de Prys: “Não é por causa de uma roupa que você não vai embora, vou resolver isso agora.”
A solução veio por meio dos voluntários do HBDF, que mantêm um bazar solidário dentro da unidade e ajudam pacientes em situações como essa. Graças à rede de apoio, Willian pôde voltar para casa.
Mesmo após a alta, a amizade continuou. Em uma nova internação, dessa vez em um hospital da rede privada, a conexão permaneceu firme. Ao saber que os médicos da unidade não estavam conseguindo fechar o diagnóstico, Prys orientou a família de Willian a trazê-lo de volta ao Hospital de Base, onde já conheciam todo o histórico dele. A decisão foi acertada, e Willian voltou a se recuperar com o suporte da equipe do HBDF.
Hoje, os dois continuam próximos. “Conheci a família dela, e ela conheceu a minha. Mesmo com a correria do dia a dia, a amizade continua viva”, conta Willian.
“A minha amizade com o Will mostra que, mesmo dentro do hospital, onde lidamos com dor, medo e superação, é possível criar laços verdadeiros”, afirma Prys Hellen. “Isso também faz parte do cuidado. Às vezes, um bom dia, um olhar atento ou uma simples conversa ajudam mais do que a gente imagina.”
