Golpes digitais estão mais sofisticados e difíceis de identificar, alerta levantamento

Funcionário de TI Foto: Arif Riyanto/Unsplash

Fraudes agora usam nomes de marcas famosas, dados pessoais e até sites falsos para enganar vítimas com promessas financeiras


Golpes digitais estão se tornando cada vez mais sofisticados, personalizados e difíceis de detectar, conforme aponta o relatório A Jornada dos Golpes, elaborado pelo Observatório Lupa. A pesquisa analisou 142 conteúdos fraudulentos entre 2020 e 2025 e revela que as ações dos golpistas vão muito além de mensagens com erros grosseiros ou propostas absurdas.

Segundo o levantamento, 93% dos golpes analisados prometem benefícios financeiros imediatos, como descontos, brindes ou lucros rápidos, e 77% usam o nome de marcas conhecidas ou figuras públicas para criar um falso sentimento de confiança. Esse índice salta para 90% nos golpes ocorridos entre janeiro e maio de 2025.

Para o especialista em tecnologia Vinicius Albino, a aparência amadora ficou no passado. “Hoje os golpes são tecnicamente bem elaborados e exploram engenharia social, qualidade visual e personalização com base em vazamento de dados pessoais”, alerta.

Fraudes com aparência legítima

A sofisticação dos golpes modernos se dá por três caminhos principais:

  • Personalização: o conteúdo do golpe é moldado com base nas informações pessoais da vítima, muitas vezes obtidas em vazamentos de dados.

  • Qualidade técnica: e-mails falsos com logotipos, sites que imitam páginas oficiais e até ligações com áudios idênticos aos de empresas reais.

  • Engenharia social: os golpistas buscam ativamente dados da vítima para aumentar a credibilidade da proposta e convencê-la a compartilhar informações sensíveis.

“A aparência confiável é proposital. A intenção é fazer a vítima baixar a guarda e agir com pressa, sem verificar se a informação é verdadeira”, diz Albino.

Golpes em etapas: a “jornada fraudulenta”

O relatório também identificou um novo padrão: os chamados golpes em jornada. Eles começam com uma mensagem ou anúncio nas redes sociais, prometendo alguma vantagem, e direcionam o usuário a sites falsos, que imitam portais do governo ou lojas famosas. A fraude pode avançar para um contato direto por telefone ou e-mail, ampliando a falsa sensação de segurança.

“Os mais vulneráveis são pessoas com menos familiaridade com tecnologia. Por isso, é essencial ajudar familiares e amigos a aprender a usar as plataformas com mais segurança”, recomenda o especialista.

Como se proteger

Vinicius Albino lista algumas medidas importantes para evitar cair nesses golpes:

  • Não clicar em links de remetentes desconhecidos ou duvidosos.

  • Conferir a URL dos sites, observando se o endereço corresponde ao oficial.

  • Buscar promoções e informações diretamente nos sites das empresas.

  • Desconfiar de mensagens que exigem ação rápida ou sigilo absoluto.

  • Nunca abrir e-mails classificados como SPAM, já que provedores utilizam sistemas avançados para detectar fraudes.

  • Evitar fornecer dados pessoais sem ter certeza da origem do contato.

“Se uma situação exige resposta urgente e não te dá tempo para pensar, pesquisar ou consultar alguém, isso já é um sinal de alerta”, conclui Albino.

Diante do avanço dessas fraudes, a atenção precisa ser redobrada — inclusive para mensagens aparentemente legítimas. Como reforça o relatório, o melhor caminho é a informação e a prevenção.