Dor crônica não é normal na velhice, alerta especialista: “É preciso mudar essa mentalidade”

Foto de Sasun Bughdaryan na Unsplash

Presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria defende combate ao etarismo e reforça que a dor deve ser tratada, e não naturalizada, na terceira idade


A dor crônica em idosos, embora comum, não deve ser encarada como parte natural do envelhecimento. O alerta é do geriatra Leonardo Oliva, presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), que defende uma urgente mudança de mentalidade sobre o tema.

Segundo o especialista, mais de um terço das pessoas acima dos 50 anos convive com dor crônica, causada principalmente por doenças osteoarticulares, como artrose e artrite, além de neuropatias, com destaque para a neuropatia diabética. Casos de câncer com metástases ósseas também estão entre os principais responsáveis.

Dor crônica x envelhecimento: uma relação evitável

Embora o envelhecimento traga consigo perdas funcionais, a dor não é consequência direta da idade, mas sim do acúmulo de condições clínicas e desgastes ao longo da vida. “A resiliência do corpo diminui com o tempo. O idoso se recupera com mais dificuldade de lesões, o que facilita que a dor se torne crônica”, explica o presidente da SBGG.

Tratamento exige cuidado e abordagem multidisciplinar

O controle da dor crônica em idosos precisa ser cuidadoso. Anti-inflamatórios comuns (AINEs) devem ser usados com cautela, já que podem causar sangramentos e prejudicar a função renal. Em muitos casos, são indicados analgésicos simples, opioides com controle rigoroso e medicamentos adjuvantes, como antidepressivos e anticonvulsivantes.

Mas o especialista reforça que o tratamento não pode se limitar aos remédios. “Fisioterapia, psicoterapia – especialmente a terapia cognitivo-comportamental – e terapias complementares são fundamentais para melhorar a qualidade de vida”, afirma.

Atividade física e prevenção: os maiores aliados

Para evitar a dor crônica na terceira idade, a prevenção deve começar o quanto antes. O principal aliado? A prática regular de exercícios físicos, conforme destaca Oliva. “Atividades aeróbicas, de resistência, alongamento e mobilidade reduzem o risco de doenças e dores no futuro”, pontua.

Além disso, o médico recomenda o controle de doenças crônicas como diabetes e obesidade, atenção à saúde mental, sono de qualidade e manutenção de vínculos sociais como estratégias eficazes para reduzir o risco de dor crônica.

O recado dos especialistas é claro: envelhecer com dor não deve ser o destino esperado. Com informação, prevenção e acesso a cuidados adequados, é possível garantir mais qualidade de vida na terceira idade.