
Número de desocupados cai quase 1 milhão em um ano; renda média e carteira assinada batem recordes, enquanto desânimo com o mercado de trabalho atinge menor patamar desde 2016
A taxa de desemprego no Brasil caiu para 6,2% no trimestre encerrado em maio de 2025, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), divulgada nesta sexta-feira (27) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O índice representa o menor patamar já registrado para o período desde o início da série histórica, em 2012, e se aproxima do menor índice já apurado: 6,1%, no trimestre finalizado em novembro de 2024.
Em comparação com o trimestre anterior, encerrado em fevereiro, quando a taxa era de 6,8%, houve recuo. Em relação ao mesmo período de 2024 (7,1%), a queda é ainda mais expressiva. Isso representa 955 mil pessoas a menos procurando emprego, totalizando 6,8 milhões de desocupados no país.
“O mercado de trabalho continua avançando, resistente às pressões externas”, avaliou William Kratochwill, analista da pesquisa. Ele destacou que os dados demonstram que a política monetária restritiva, com juros altos, não impediu a geração de empregos.
Carteira assinada e informalidade
O número de trabalhadores com carteira assinada no setor privado atingiu o recorde de 39,8 milhões, crescimento de 3,7% em relação ao mesmo período do ano passado. Ao mesmo tempo, a taxa de informalidade caiu para 37,8%, abaixo dos 38,1% registrados no trimestre anterior e dos 38,6% de um ano atrás. O país tem 39,3 milhões de trabalhadores informais.
A queda na informalidade foi puxada pela alta de 3,7% no número de trabalhadores por conta própria com CNPJ, o que representa mais 249 mil pessoas formalizadas. O Brasil atingiu 26,1 milhões de trabalhadores por conta própria, o maior número já registrado. Desses, 26,9% estão formalizados com registro no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ).
“Com o mercado mais aquecido, muitos optam por formalizar suas atividades autônomas”, disse Kratochwill.
Desalento em queda
Outro dado positivo é o recuo do número de trabalhadores desalentados – pessoas que desistiram de procurar emprego. São 2,89 milhões de brasileiros nessa condição, o menor número desde 2016. Segundo o IBGE, isso reflete a percepção de mais oportunidades no mercado de trabalho.
Setores em destaque
O setor de administração pública, defesa, educação, saúde e assistência social foi o único a apresentar crescimento no número de ocupados (+3,7%) em relação ao trimestre anterior. O analista do IBGE relaciona o avanço ao início do ano letivo, que demanda contratações na rede pública.
Rendimento e massa salarial em alta
O rendimento médio do trabalhador também foi recorde, alcançando R$ 3.457, aumento de 3,1% na comparação anual. Já a massa de rendimentos, que representa o total de salários pagos, atingiu R$ 354,6 bilhões, o maior valor da série.
Com mais empregos formais, o número de contribuintes para a previdência social também bateu recorde, com 68,3 milhões de pessoas.
Desafios futuros
Apesar dos dados positivos, Kratochwill alerta que o desempenho nos próximos trimestres dependerá de decisões do governo e de políticas econômicas.
“O que vem pela frente vai depender muito das políticas públicas, especialmente com a economia aquecida e os juros ainda em patamar elevado”, conclui.
A inflação acumulada em 12 meses está em 5,32%, acima da meta do governo, que admite tolerância até 4,5%. A taxa Selic segue em 15% ao ano, o que pode impactar o consumo e os investimentos. Ainda assim, o cenário atual aponta para um mercado de trabalho robusto e em expansão.