Presidência brasileira da COP30 propõe agenda global com 30 ações concretas contra a crise climática

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Documento divulgado nesta sexta-feira (20) apresenta seis eixos estratégicos para acelerar a implementação do Acordo de Paris e reforçar o papel de governos, setor privado e sociedade civil nas soluções climáticas


A presidência brasileira da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP30), sob liderança do embaixador André Corrêa do Lago, divulgou nesta sexta-feira (20) uma nova carta oficial propondo a definição de uma agenda global de ação climática. O documento reúne 30 ações concretas divididas em seis eixos estratégicos, como parte do plano de implementação do Balanço Global (GST) do Acordo de Paris.

Segundo Corrêa do Lago, a proposta busca inverter a lógica tradicional das negociações internacionais. Em vez de construir a agenda durante os debates da conferência, o Brasil propõe iniciar as discussões com base nas metas já aprovadas no GST, avançando imediatamente para sua execução.

“Estamos identificando uma fortíssima oportunidade para acelerar a implementação, unindo mobilização, negociação e ação em Belém”, afirmou o embaixador.

Seis eixos da agenda

A agenda está estruturada em seis eixos temáticos:

  1. Transição energética, da indústria e dos transportes

  2. Gestão das florestas, oceanos e biodiversidade

  3. Transformação da agricultura e dos sistemas alimentares

  4. Resiliência em cidades, infraestrutura e oferta de água

  5. Desenvolvimento humano e social

  6. Capacitação, financiamento, inovação e tecnologia

Entre as propostas estão o abandono dos combustíveis fósseis, a triplicação de energias renováveis, o investimento em saúde e educação climática, a promoção da bioeconomia, e a preservação de florestas e oceanos, entre outras.

Inclusão e participação multissetorial

A carta destaca que o sucesso da agenda dependerá da participação de atores além dos governos, como empresas, universidades, cidades, povos indígenas e sociedade civil organizada. Segundo Corrêa do Lago, essa inclusão amplia o impacto das ações e evita medidas fragmentadas com pouco alcance.

“A natureza multifacetada do desafio climático exige soluções adaptáveis aos contextos regionais, nacionais e locais”, reforça o documento.

A proposta inclui ainda a criação de grupos de trabalho por tema e uma consulta pública global, conduzida pelos Campeões de Alto Nível da COP29 e COP30, Nigar Arpadarai e Dan Ioschpe, para estabelecer um plano de ação para os próximos cinco anos.

Rumo à COP30 em Belém

A iniciativa integra os preparativos para a COP30, que será realizada em novembro, em Belém (PA). O Brasil pretende liderar o processo com um modelo de governança mais ágil, transparente e orientado à ação concreta, rompendo com a percepção de que as conferências produzem apenas documentos formais sem resultados práticos.

“As principais reclamações sobre o processo de negociação são que a gente assina documento e nada acontece. Por isso, a COP30 terá uma arquitetura com foco em implementação. Estão previstas 420 reuniões para garantir os resultados”, destacou Corrêa do Lago.

A carta reforça ainda que o Sexto Relatório de Avaliação do IPCC evidencia a urgência da ação integrada, e que todos os setores precisam contribuir para manter a meta de limitação do aquecimento global a 1,5°C.

Com a nova agenda, o Brasil tenta posicionar a COP30 como um marco decisivo na transição global para um futuro sustentável, com foco em justiça climática, desenvolvimento inclusivo e soluções com impacto real.