
Boletim Focus aponta IPCA de 5,46% em 2025, acima do teto da meta; expectativa é de juros altos até 2026 e crescimento econômico moderado
O mercado financeiro reduziu a previsão de inflação para 2025, mas ainda mantém a projeção acima do limite da meta estabelecida pelo Banco Central (BC). De acordo com o Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira (2), a estimativa para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) caiu de 5,5% para 5,46%. A projeção continua acima do teto da meta de 4,5%, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
Para os anos seguintes, o mercado prevê uma trajetória gradual de queda da inflação, com 4,5% em 2026, 4% em 2027 e 3,85% em 2028. Apesar do recuo, a pressão inflacionária ainda preocupa, sobretudo com o recente aumento de preços de alimentos e medicamentos, que influenciou o IPCA de abril, registrado em 0,43%. No acumulado de 12 meses, a inflação oficial soma 5,53%, segundo o IBGE.
Selic elevada e incertezas econômicas
Para conter a inflação, o Banco Central tem mantido uma política monetária rígida. A taxa Selic está atualmente em 14,75% ao ano, após seis aumentos consecutivos. A decisão reflete o cenário de alta nos preços de energia, alimentos e instabilidade global, segundo o Comitê de Política Monetária (Copom), que não sinalizou alterações para o próximo encontro, previsto para meados de junho.
O mercado prevê que a Selic permaneça nesse patamar até o final de 2025 e comece a cair gradualmente: 12,5% em 2026, 10,5% em 2027 e 10% em 2028. A taxa básica influencia diretamente o crédito e o consumo — juros mais altos freiam a demanda, ajudam a conter a inflação, mas também desaceleram a atividade econômica.
PIB com crescimento moderado
A expectativa para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) também foi ajustada levemente. A previsão para 2025 recuou de 2,14% para 2,13%, enquanto para 2026 subiu de 1,7% para 1,8%. Para 2027 e 2028, o mercado espera expansão de 2% ao ano.
No primeiro trimestre de 2025, a economia brasileira cresceu 1,4%, puxada especialmente pelo setor agropecuário, segundo dados do IBGE. Em 2024, o país já havia registrado uma alta de 3,4%, completando quatro anos consecutivos de crescimento, com destaque para 2021, quando o PIB avançou 4,8%.
Dólar em alta
A cotação do dólar também preocupa. A previsão do mercado é que a moeda norte-americana feche 2025 a R$ 5,80, subindo para R$ 5,90 em 2026, o que pode pressionar ainda mais os preços de produtos importados e impactar a inflação.
Com um cenário de juros elevados, dólar em alta e inflação ainda acima da meta, os analistas reforçam que o momento exige cautela e foco em medidas estruturais para garantir estabilidade econômica nos próximos anos.