
Estudo mostra ampliação de atendimentos por equipes do Consultório na Rua e redução de queixas de saúde em comparação com 2022
Um levantamento feito pelo Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal (IPEDF) revelou um aumento de quase 90% no acesso de pessoas em situação de rua aos serviços públicos de saúde no DF. Os dados fazem parte da Pesquisa Pop Rua, divulgada pelo Governo do Distrito Federal (GDF) em abril deste ano, e mostram também redução nos relatos de problemas de saúde em relação ao Censo de 2022, do IBGE.
De acordo com o estudo, o número de pessoas em situação de rua que utilizaram unidades básicas de saúde (UBSs) subiu de 36,7% para 51,7%, enquanto o atendimento em unidades de pronto atendimento (UPAs) e hospitais passou de 20,7% para 36,9%. Também houve crescimento no acesso aos Centros de Referência de Assistência Social (Cras), que oferecem suporte em saúde mental – de 18,6% para 28,7% – e nos centros Pop, com um aumento de 2,1% no atendimento.
Entre as ações integradas que impulsionaram esse resultado está o trabalho das equipes do Consultório na Rua, que prestaram quase 16,5 mil atendimentos entre 2023 e março de 2024, sendo mais de 10 mil somente em 2024. Essas equipes, compostas por médicos, enfermeiros, dentistas, psicólogos e assistentes sociais, percorrem diferentes regiões administrativas do DF oferecendo atendimento integral e encaminhamentos via Sistema Nacional de Regulação (Sisreg).
“Cada atendimento registrado representa uma vida que foi acolhida, escutada e cuidada. Esses avanços mostram que estamos no caminho certo ao levar saúde, alimentação e dignidade a quem mais precisa”, declarou o secretário-chefe da Casa Civil, Gustavo Rocha.
A médica de família Samanta Hosokawa, integrante de uma das equipes do Consultório na Rua, destaca a importância do trabalho em campo:
“Levamos testagens rápidas, vacinas, medicamentos e acompanhamos o paciente até a consulta com especialistas. Mesmo sem telefone, voltamos até eles quando sai a vaga”.
Casos como o de Ronaldo Nascimento, de 50 anos, mostram o impacto da iniciativa. Ele vive em situação de rua desde 2006 e foi atendido para tratar tuberculose:
“Foi o melhor atendimento que já recebi, até melhor que em hospital. Eles acompanham de verdade”.
Já Alexandre Soares, 51, elogia a rapidez no serviço:
“Se não fossem eles, ir para um posto seria mais complicado. Aqui sou atendido com carinho e já recebi até resultado de exame”.
A pesquisa também aponta uma queda nos relatos de problemas de saúde:
Ansiedade e depressão: redução de 9,1%
Problemas de saúde bucal: queda de 27,6%
Dores crônicas: diminuição de 19,8%
Outro dado positivo foi o aumento da oferta de refeições gratuitas para pessoas em situação de rua nos restaurantes comunitários do DF. O acesso passou de 35,6% em 2022 para 54,7% em 2025, com mais de 1,6 milhão de refeições servidas entre janeiro de 2024 e março deste ano.