Alta no Preço do Ovo: Fatores Climáticos, Sazonalidade e Aumento de Insumos Impactam o Custo

© Marcelo Camargo/Agência Brasil

 

O preço dos ovos subiu 15,4% em fevereiro, tornando-se um dos principais responsáveis pela inflação do mês; clima e custos de produção são apontados como principais causas.

A alta no preço do ovo de galinha foi impulsionada por uma combinação de fatores sazonais, questões climáticas, aumento da demanda e o preço dos insumos, como o milho e farelo de soja. O movimento, que teve início na segunda quinzena de janeiro, ganhou força em fevereiro, colocando o ovo entre os vilões da inflação no último mês.

Em fevereiro, o preço dos ovos subiu 15,4%, a maior alta registrada no setor de alimentação e bebidas. Esse aumento contribuiu para que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do grupo alimentação e bebidas chegasse a 0,79%.

A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) afirma que a alta é sazonal e ocorre tradicionalmente no início do ano, especialmente durante o período da Quaresma, quando a demanda por ovos tende a aumentar devido à substituição de carnes vermelhas por carnes brancas e ovos. Além disso, a elevação das temperaturas em regiões produtoras também reduziu a produção de matrizes poedeiras.

Em entrevista à Agência Brasil, a ABPA explicou que, além da sazonalidade, a alta dos custos de insumos, como o milho – que teve um aumento de mais de 40% desde março do ano passado –, e o calor extremo nas granjas, que impactou a produtividade das aves, também contribuíram para o aumento de preços.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao comentar sobre o aumento dos preços dos alimentos em um evento em Campo do Meio (MG), mencionou a alta dos ovos. Ele questionou os “atravessadores” pela disparada do preço, e destacou que está em busca de uma explicação para o fenômeno.

Além dos fatores climáticos e sazonais, a ABPA relatou perdas de matrizes mais velhas, o que afetou a reposição e a produção de ovos. A associação também alertou que, para enfrentar essa alta nos preços, ações como a redução das tarifas de importação de aminoácidos e resinas plásticas poderiam aliviar a pressão sobre o custo de produção.

No atacado, o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) registrou um aumento expressivo de 42% no preço dos ovos brancos do tipo extra entre janeiro e fevereiro, especialmente na principal região produtora do estado de São Paulo, em Bastos. A pesquisadora Claudia Scarpelin, do Cepea, apontou que o cenário de escassez de ovos, devido ao descarte de poedeiras mais velhas e ao impacto do calor extremo, gerou uma valorização mais expressiva dos preços.

No entanto, ela explicou que, após a Quaresma, a demanda tende a se estabilizar e, caso a oferta de ovos seja equilibrada, os preços podem permanecer estáveis ou até recuar.

O Brasil, que é o quinto maior produtor mundial de ovos, com uma estimativa de 3,6 milhões de toneladas para 2025, tem visto suas exportações crescerem. Em fevereiro, as exportações brasileiras de ovos aumentaram 57,5% em relação ao mesmo mês do ano passado, com destaque para os Emirados Árabes Unidos, Estados Unidos e Chile. No entanto, a ABPA ressalta que a exportação do produto, que representa apenas 0,9% da produção total, não teve impacto nos preços do mercado interno.

A previsão para 2025 é que o consumo de ovos no Brasil atinja 272 unidades por pessoa, mantendo o produto como uma das fontes mais consumidas de proteína no país.