Exercícios ao ar livre no calor: Cuidados essenciais para evitar complicações

Foto: Paulo H. Carvalho / Agência Brasília

 

Especialistas alertam sobre os riscos da prática de atividades físicas em altas temperaturas e fornecem orientações para manter o corpo seguro

Com a chegada do calor extremo, muitos buscam manter a rotina de exercícios ao ar livre, mas a combinação de altas temperaturas e esforço físico pode ser um desafio para o corpo. Especialistas alertam para os riscos que o calor excessivo pode trazer, como desidratação, sobrecarga cardiovascular e até lesões musculares, e fornecem orientações sobre como praticar atividades físicas com segurança durante o verão.

De acordo com Caio Senise, médico do esporte e membro do Comitê Olímpico Brasileiro, o exercício intenso em ambientes quentes exige que o corpo aumente seu metabolismo, gerando mais calor. Esse processo eleva a temperatura corporal e o organismo tenta dissipá-lo por meio da sudorese, o principal mecanismo de troca térmica. No entanto, em ambientes com alta umidade, o suor evapora de maneira ineficiente, tornando a regulação da temperatura mais difícil. Senise alerta que, com umidade acima de 75%, o risco de aumento excessivo da temperatura corporal é elevado.

Além disso, a desidratação é um fator crítico. “Durante o exercício, já perdemos fluidos pelo suor e pela respiração. Isso aumenta o risco de complicações como lesões renais, hepáticas e até encefalopatia, que pode afetar o sistema nervoso”, afirma Senise. A falta de hidratação também agrava a troca de calor, elevando o risco de doenças como a rabdomiólise, uma lesão muscular grave que pode afetar os rins.

O calor extremo também impõe desafios ao sistema cardiovascular. Swellen Schuenemann, cardiologista do Centro Médico Elsimar Coutinho, explica que a alta temperatura aumenta o fluxo sanguíneo para a pele, o que pode diminuir a eficiência do bombeamento de sangue pelo coração. Como resposta, a frequência cardíaca tende a subir. Isso pode ser particularmente perigoso para pessoas com doenças cardíacas ou hipertensão descontrolada, que estão mais suscetíveis a arritmias ou outras complicações graves.

Para evitar esses problemas, especialistas recomendam algumas estratégias preventivas. A hidratação constante é essencial, incluindo o consumo de água e bebidas isotônicas que repõem eletrólitos como sódio e potássio. Além disso, é importante escolher horários adequados para a prática de atividades físicas, preferencialmente no início da manhã ou após o pôr do sol, quando as temperaturas são mais amenas. O uso de roupas leves e respiráveis também facilita a regulação da temperatura corporal.

Senise também ressalta a importância de se aclimatar ao calor, um processo que pode levar de 10 a 14 dias para quem não está acostumado com altas temperaturas. Durante esse período, o corpo ajusta a taxa de sudorese e a perda de eletrólitos, tornando o exercício mais seguro.

Porém, em casos de calor extremo, o exercício ao ar livre deve ser evitado. “Existem faixas de temperatura que são proibitivas para a prática de atividades físicas devido ao alto risco de complicações, como insolação e falência múltipla de órgãos”, alerta Senise.

Em relação ao sistema cardiovascular, a cardiologista Schuenemann reforça a importância de monitorar a frequência cardíaca e interromper a atividade caso haja aumento excessivo da frequência ou sintomas de sobrecarga cardíaca. Em caso de necessidade, é fundamental procurar um ambiente fresco, reidratar e buscar atendimento médico.