
Competição premia estudantes com medalhas, bolsas de estudo e oportunidades acadêmicas
A Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep) abre as inscrições para sua edição de 2025 nesta quarta-feira (5). Criada há 20 anos, a competição busca estimular o interesse dos estudantes pela matemática e aprimorar o ensino da disciplina nas escolas. As inscrições podem ser feitas até o dia 17 de março.
Organizada pelo Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa), a Obmep espera contar com 18 milhões de participantes de escolas públicas e privadas de todo o país. Podem se inscrever alunos do 6º ano do ensino fundamental ao 3º ano do ensino médio, que disputarão 8.450 medalhas e 51 mil certificados de menção honrosa. Além da premiação, os medalhistas são convidados a participar do Programa de Iniciação Científica Jr. (PIC), que oferece aulas de reforço em matemática e bolsas de R$ 300 para estudantes da rede pública.
Desde sua criação, a Obmep chegou a 5.564 municípios brasileiros e inspirou a criação da Olimpíada Mirim de Matemática, destinada a alunos do 2º ao 5º ano do ensino fundamental. O diretor-geral do Impa, Marcelo Viana, ressalta a importância da competição na formação dos alunos e professores:
“A Olimpíada contribui para que os estudantes desenvolvam o gosto pela matemática, enquanto auxilia professores que nem sempre têm formação específica na disciplina, tornando o ensino mais lúdico e instigante”, afirma.
Calendário e formato da competição
A Obmep é dividida em duas fases:
- Primeira fase: prova objetiva com 20 questões, aplicada em 3 de junho.
- Segunda fase: prova discursiva com seis questões, realizada em 25 de outubro.
A lista dos classificados para a segunda fase será divulgada no dia 1º de agosto, e os vencedores serão anunciados em 22 de dezembro.
Desde 2023, a competição também premia destaques estaduais, distribuindo mais de 20 mil medalhas a cada edição. Para os próximos anos, o Impa planeja expandir a participação de alunos de regiões carentes, promovendo capacitação de professores e treinamento de estudantes.
“A Obmep é um instrumento democrático para a descoberta de talentos em todo o Brasil, e muitos de seus medalhistas hoje atuam no governo, em universidades e na sociedade civil”, destaca Viana.
Matemática como trampolim para o ensino superior
A Obmep tem sido uma porta de entrada para universidades de prestígio. Luiz Filippe Campos, 17 anos, e Raquel Liberato, 18 anos, medalhistas da olimpíada, foram aprovados no curso de medicina da Universidade de São Paulo (USP) pelo Provão Paulista, modalidade de ingresso voltada para alunos da rede pública.
Luiz Filippe, morador de Taboão da Serra (SP), conquistou duas medalhas na Obmep e ficou em primeiro lugar no Provão Paulista para medicina. Ele conta que começou a estudar matemática com mais dedicação após passar para a segunda fase da olimpíada:
“Na primeira fase, passei no sufoco, mas na segunda me preparei e consegui ganhar uma medalha de prata”, relembra.
Além da premiação, Luiz Filippe participou do PIC, programa que oferece aulas aos sábados com conteúdos aprofundados. “O que aprendi no PIC caiu em vestibulares como Fuvest, Unicamp e Enem”, explica o futuro médico.
Já Raquel Liberato, que conquistou cinco medalhas na Obmep, vem de uma realidade bem diferente. Nascida em Flora Rica (SP), cidade com apenas 2 mil habitantes, garantiu o terceiro lugar em medicina pelo Provão.
“No início, tive muita dificuldade com o PIC, demorava dias para entender o básico. Mas, com a prática, fui melhorando e hoje realizo meu sonho”, conta Raquel, que pretende se especializar em cirurgia.
A jovem vem de uma família humilde — seu pai é mecânico, e sua mãe, dona de casa — e agora busca apoio financeiro para se manter na universidade.
Universidades valorizam medalhistas de olimpíadas
O desempenho em competições científicas tem se tornado um critério de seleção para universidades. O próprio Impa lançou sua graduação em matemática aplicada, o Impa Tech, e aceita premiações em cinco olimpíadas como forma de ingresso: Obmep, OBM (Olimpíada Brasileira de Matemática), Obfep (Física), OBQ (Química) e OBI (Informática).
A iniciativa foi pioneira na Unicamp, seguida por outras universidades estaduais e federais. “Desde o início, definimos que medalhas em olimpíadas seriam um diferencial na seleção de estudantes”, explica Viana.
Com impacto crescente na formação acadêmica e profissional de jovens talentos, a Obmep segue como um dos principais instrumentos de democratização do ensino e de estímulo à ciência no Brasil.