
Desemprego em queda histórica e alta do dólar marcam os últimos 12 meses
O Brasil encerra 2024 com um balanço econômico de avanços significativos e desafios preocupantes. Enquanto o mercado de trabalho atingiu resultados históricos, como a menor taxa de desemprego desde 2012, a inflação elevada, a alta da taxa básica de juros e a desvalorização do real frente ao dólar impuseram obstáculos para a estabilidade econômica do país.
Mercado de trabalho em alta
O destaque positivo do ano foi a redução do desemprego. A taxa de desocupação fechou em 6,1% no trimestre até novembro, o menor índice desde o início da série histórica da Pnad Contínua, realizada pelo IBGE. Isso representa 6,8 milhões de pessoas em busca de emprego, enquanto o número de trabalhadores ocupados alcançou um recorde de 103,9 milhões.
Além disso, o emprego formal cresceu: o saldo acumulado de vagas com carteira assinada foi de 2,2 milhões até novembro, superando os números de 2023. O rendimento médio dos trabalhadores também teve alta, alcançando R$ 3.285, com aumento de 3,4% em relação ao ano anterior.
No entanto, a informalidade ainda afeta quase 40% dos trabalhadores, revelando que há um longo caminho para alcançar maior segurança no mercado de trabalho.
Crescimento econômico com alertas
O Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 0,9% no terceiro trimestre de 2024 em relação ao trimestre anterior, marcando a 13ª alta consecutiva. Comparado ao mesmo período de 2023, o avanço foi de 4%. Apesar do bom desempenho, o baixo nível de investimentos preocupa economistas, destacando a necessidade de políticas que sustentem o crescimento no longo prazo.
Inflação e juros pesam no bolso
A inflação oficial, medida pelo IPCA, acumulou 4,87% em 12 meses até novembro, ultrapassando a meta do governo. Essa alta impactou diretamente o custo de vida, especialmente para famílias de baixa renda, já que o INPC, índice usado para calcular o salário mínimo, somou 4,84%.
Em resposta, o Banco Central aumentou a taxa Selic, que encerra o ano em 12,25% ao ano, após uma trajetória de queda no primeiro semestre. A medida visa conter a inflação, mas reduz o estímulo ao crédito e ao investimento.
Alta do dólar e seus impactos
O dólar encerra 2024 com uma valorização de 27%, cotado a R$ 6,18, pressionando preços de produtos importados e matérias-primas no mercado interno. Apesar disso, o cenário beneficiou exportadores, que viram aumento nos ganhos com a moeda americana.
A desvalorização do real é atribuída a fatores internos, como preocupações fiscais, e externos, como a política monetária dos Estados Unidos e a volatilidade global. O Banco Central realizou intervenções pontuais para controlar a alta, mas o câmbio flutuante segue como a política oficial.
Perspectivas para 2025
O desempenho da economia em 2024 deixa lições claras: enquanto o mercado de trabalho aponta para uma recuperação sólida, outros indicadores mostram a fragilidade de fatores externos e internos que ainda precisam ser enfrentados. O Brasil inicia o novo ano em busca de equilíbrio entre crescimento sustentável, controle inflacionário e estabilidade cambial.