Inflação e juros: mercado revisa projeções e prevê cenário desafiador para 2024

 

A inflação estimada para este ano sobe para 4,89%, enquanto taxa Selic deve seguir alta para conter preços e incertezas econômicas

 

 

 

O Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira (16) pelo Banco Central trouxe novas projeções do mercado financeiro para os principais indicadores econômicos do Brasil. A estimativa de inflação para 2023 subiu de 4,84% para 4,89%. Já para 2024, a previsão está em 4,6%, acima do teto da meta de inflação definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

A inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), acumulou alta de 4,87% nos últimos 12 meses, puxada principalmente pelos gastos com alimentos, conforme dados do IBGE.

Inflação e metas

A meta de inflação para este ano é de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo (limite de 4,5%). Para 2025, o sistema de meta contínua será implementado, fixando o centro da meta em 3%.

Selic e controle inflacionário

O Banco Central elevou recentemente a taxa básica de juros (Selic) para 12,25% ao ano, após aumentos consecutivos nas reuniões de setembro e novembro. A medida reflete o esforço para conter a inflação em meio à alta do dólar e incertezas globais.

Caso os cenários projetados se confirmem, o Comitê de Política Monetária (Copom) planeja novos aumentos de um ponto percentual nas próximas reuniões, em janeiro e março. A Selic, que já chegou a 13,75% em 2022, deverá terminar 2025 em 14% antes de recuar para 11,25% em 2026 e 10% em 2027, conforme o Boletim Focus.

A alta dos juros impacta diretamente o crédito e o consumo, desacelerando a economia para conter a inflação, mas também pode dificultar o crescimento econômico.

Crescimento do PIB e câmbio

O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro surpreendeu em 2023, crescendo 3,42% contra 3,2% projetados anteriormente. Para os próximos anos, o mercado prevê expansão de 2,01% em 2025 e 2% em 2026 e 2027.

A cotação do dólar, que encerrou o ano de 2023 em alta, deve atingir R$ 5,99, segundo as estimativas. Para 2025, a previsão é de R$ 5,85.

Com o início de 2024, o Banco Central e o governo enfrentam desafios para equilibrar o controle inflacionário, crescimento econômico e estabilidade do câmbio. As próximas decisões do Copom e a implementação das metas de inflação contínua serão cruciais para definir o rumo da política monetária e fiscal nos próximos anos.