Nova terapia promete aliviar pesadelos crônicos em crianças

Foto de Gregory Pappas na Unsplash

 

Pesquisa pioneira das universidades de Oklahoma e Tulsa mostra avanços no tratamento de distúrbios do sono infantis

 

 

 

 

Pesadelos crônicos, uma condição que afeta uma em cada seis crianças com dificuldades de saúde mental, podem estar perto de ter uma solução eficaz. Uma pesquisa liderada pela Universidade de Oklahoma e pela Universidade de Tulsa revelou resultados promissores de um ensaio clínico envolvendo uma nova terapia, capaz de reduzir significativamente a frequência dos pesadelos e o sofrimento associado, além de melhorar a qualidade do sono infantil.

O estudo, publicado na revista Frontiers in Sleep, é o primeiro ensaio clínico randomizado a abordar diretamente os pesadelos em crianças, tratando-os como um transtorno autônomo e não apenas como um sintoma de outros problemas de saúde mental. Segundo as pesquisadoras responsáveis, Dra. Tara Buck e Dra. Lisa Cromer, essa abordagem pioneira representa um avanço no tratamento do distúrbio, cujos efeitos podem impactar severamente o comportamento, a saúde emocional e o desempenho escolar das crianças.

Uma nova abordagem para um velho problema

A terapia desenvolvida consiste em cinco sessões semanais que combinam técnicas de terapia cognitivo-comportamental, relaxamento, mindfulness e visualização criativa. As crianças são incentivadas a “reescrever” seus pesadelos como sonhos agradáveis, utilizando ferramentas interativas, como óculos especiais, fronhas temáticas e canetas para estimular a criatividade.

“Quando as crianças sofrem de pesadelos, ficam com medo de dormir, o que as torna cansadas e irritáveis durante o dia. Isso pode levar a problemas de comportamento e afetar áreas importantes, como o desempenho escolar,” explicou a Dra. Tara Buck, psiquiatra infantil e professora associada da OU School of Community Medicine.

A terapia também ensina estratégias para lidar com pesadelos durante a noite, como “mudar de canal” mentalmente e voltar a dormir.

Resultados promissores e próximos passos

O ensaio envolveu 46 crianças e adolescentes de 6 a 17 anos, com idade média de 12 anos, que enfrentavam pesadelos persistentes há pelo menos seis meses. Os participantes foram divididos entre um grupo de tratamento e um grupo de controle, que apenas monitorava os pesadelos sem intervenção. Ao final do estudo, o grupo de controle também teve acesso ao tratamento.

As crianças tratadas apresentaram uma redução considerável na frequência dos pesadelos e relataram menos interrupções do sono, além de melhorias no bem-estar geral.

O estudo foi iniciado durante a pandemia de COVID-19, e as pesquisadoras planejam expandir a pesquisa para um ensaio clínico maior, buscando financiamento para avaliar os efeitos a longo prazo da terapia.

“Queremos ajudar as crianças a superar os pesadelos diretamente, independentemente de comorbidades. Faltam estudos sobre pesadelos infantis, já que a maioria das pesquisas é voltada para adultos. Nosso objetivo é mudar esse cenário e criar um impacto positivo na vida das crianças e de suas famílias,” concluiu a Dra. Cromer, que liderou o desenvolvimento da terapia.

Este avanço representa uma nova esperança para crianças que sofrem com noites mal dormidas e para pais que buscam respostas para o problema.