Em meio à destruição, organização cria escolas improvisadas para amparar crianças e adolescentes afetados pela guerra
Em meio à devastação em Gaza, onde bombardeios destruíram escolas e lares, professores palestinos têm se reunido em tendas improvisadas e espaços ao ar livre para assegurar que a educação continue a ser um direito. Além de transmitir conhecimentos, esses educadores oferecem suporte emocional para crianças e adolescentes traumatizados, ajudando-os a enfrentar o luto e a violência. Esse é o trabalho do Centro de Criatividade para Professores, uma organização sem fins lucrativos dirigida por Refaat Sabbah.
Sabbah esteve recentemente em Fortaleza, durante a Reunião Global de Educação, onde falou sobre o papel da educação em tempos de crise. “Educação não é apenas ensinar o estudante a ler e escrever, é também ensiná-lo sobre a vida em meio a crises,” afirmou. A organização atende a mais de 200 mil crianças e apoia cerca de 100 mil famílias, muitas delas tentando lidar com a perda de entes queridos.
Inspirados nos princípios de Paulo Freire, os professores do Centro de Criatividade para Professores acreditam em uma educação que não pode ser isolada da realidade social. “Começamos a fazer escolas abertas, escolas sem paredes, porque Israel destruiu tudo,” explica Sabbah. “A ideia é realizar aulas onde for possível – nos escombros, nas ruas – para apoiar as crianças que estão com medo e ajudá-las a entender o que está acontecendo ao seu redor.”
Desde o início do conflito, estima-se que mais de 43 mil palestinos foram mortos, dos quais cerca de 19 mil são crianças. O impacto sobre a infraestrutura educacional também é devastador: 61% das escolas em Gaza foram atingidas diretamente, segundo a Unesco. Diante desse cenário, Sabbah acredita que a educação é uma ferramenta essencial para que essas crianças e suas famílias compreendam a situação e desenvolvam uma resiliência necessária para sobreviver à violência e à perda.
Durante o evento, Sabbah aproveitou para falar sobre a necessidade urgente de apoio internacional. “Estamos chocados com o silêncio da maioria dos países,” desabafou. Como membro do Comitê Diretor de Alto Nível para o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 4 da ONU, ele trabalha pela garantia do direito à educação e pela proteção das gerações futuras em meio a esse cenário devastador.