Ex-chefe da Polícia Civil do Rio denuncia “humilhação” ao usar algemas

 

Rivaldo Barbosa, acusado de envolvimento no assassinato de Marielle Franco, presta depoimento ao STF e relata dificuldades na prisão em Mossoró (RN)

 

 

Nesta sexta-feira (25), Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, afirmou ao Supremo Tribunal Federal (STF) sentir-se “humilhado” ao precisar usar algemas nos pés no presídio federal de Mossoró, onde está preso. O depoimento virtual marca o segundo dia consecutivo de declarações no julgamento sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, ocorrido em 2018 no Rio de Janeiro.

Barbosa, preso há sete meses e sem contato com outros detentos, relatou ao STF a indignação com o uso das algemas e descreveu o impacto do momento da prisão em sua família. Segundo ele, antes de ser levado pelos agentes da Polícia Federal, realizou uma oração com a filha Letícia, que pediu “a verdade” a Deus. “Estou com os pés algemados. É muita humilhação”, disse Barbosa, questionando as razões de estar preso.

O ex-delegado também criticou a abordagem da Polícia Federal durante sua prisão, especialmente em relação à sua esposa, Érica Andrade, acusada de lavagem de dinheiro. Segundo ele, uma agente federal não respeitou sua esposa ao obrigá-la a sair do quarto vestindo babydoll diante do porteiro. “Vou chamar de falta de sensibilidade para não ir além”, afirmou.

Rivaldo Barbosa é réu junto com os irmãos Chiquinho e Domingos Brazão e o major da Polícia Militar Ronald Paulo de Alves Pereira, todos acusados de homicídio e organização criminosa. De acordo com a investigação da Polícia Federal, o assassinato de Marielle estaria ligado à oposição política da vereadora aos interesses fundiários do grupo dos Brazão em áreas controladas por milícias no Rio de Janeiro. Além disso, a PF alega que Barbosa “planejou meticulosamente” o crime e teria dificultado a investigação inicial do caso.