Em meio ao segundo dia consecutivo de forte nevoeiro em diversas regiões do Brasil, causado pela fumaça de incêndios que ocorrem no Norte e Sudeste do país, o Ministério da Saúde emitiu orientações para que a população evite ao máximo a exposição ao ar livre e a prática de atividades físicas. A recomendação é especialmente direcionada a grupos mais vulneráveis, como crianças, idosos e pessoas com doenças pré-existentes, como hipertensão e diabetes.
Agnes Soares, diretora do Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador, destacou que esses grupos reagem de forma mais rápida e intensa à contaminação por fumaça, o que eleva o risco de complicações. “Em caso de necessidade extrema de circular em ambientes abertos, é fundamental utilizar alguma forma de proteção, como máscaras e bandanas de tecido”, afirmou Agnes durante coletiva de imprensa nesta segunda-feira (26).
Sintomas e cuidados
Os sintomas mais comuns da exposição à fumaça incluem ardência nos olhos, irritação na garganta e sensação de fechamento da laringe. Em casos mais graves, que podem indicar comprometimento pulmonar, pode haver chiado no peito, típico de condições como bronquite. Pessoas com maior sensibilidade devem considerar o uso de máscaras capazes de filtrar partículas finas do ar.
Agnes também alertou que a maioria dos problemas de saúde relacionados à fumaça envolvem doenças respiratórias. No entanto, indivíduos com problemas cardíacos e hipertensão correm um risco aumentado de infarto e acidente vascular cerebral (AVC) nos dias seguintes ao início dos incêndios. “Se o episódio [de dispersão da fumaça] durar de três a quatro dias, pode ser mais sério para a população”, alertou.
Impacto nas escolas e orientações
Questionada sobre a manutenção das aulas em áreas afetadas pela fumaça, Agnes Soares explicou que não há uma regulamentação específica sobre o tema. A recomendação é que as autoridades locais considerem o risco aumentado de doenças respiratórias, especialmente em episódios prolongados, ao decidir sobre a continuidade das aulas. A secretária lembrou que a baixa umidade relativa do ar, comum nesses cenários, já afeta o desempenho dos estudantes e causa desconforto geral, tornando necessário avaliar caso a caso, podendo incluir a redução de atividades físicas ou até o fechamento das escolas.
Aumento de atendimentos médicos
Embora não haja monitoramento em tempo real dos casos de doenças respiratórias ligados à exposição à fumaça, já há relatos de aumento de atendimentos nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e serviços de emergência, principalmente nas alas de pediatria.
Para as crianças, é essencial evitar a exposição prolongada à fumaça e garantir a disponibilidade de medicamentos controlados, além de promover uma hidratação adequada para manter as mucosas úmidas. “Não é hora de brincar, de andar de bicicleta, de pular corda. Para os idosos, a mesma questão: não é o momento de sair pra fazer atividades que não sejam estritamente necessárias. Se precisar sair, use proteção, como máscaras e bandanas, para reduzir o contato com partículas nas vias respiratórias”, concluiu Agnes Soares.