Febre do oropouche atinge mais de 7 mil casos no Brasil

© Bruna Lais Sena do Nascimento/Laboratório de Entomologia Médica/SEARB/IEC

 

São Paulo Registra Primeiros Casos em Meio a Preocupações com Surtos

 

 

A febre do Oropouche, uma doença causada por um arbovírus do gênero Orthobunyavirus, identificada pela primeira vez no Brasil em 1960, voltou a ser uma preocupação para as autoridades sanitárias brasileiras. Até o início de julho de 2024, o país registrou mais de 7 mil casos confirmados da doença, com transmissão autóctone em pelo menos 16 unidades federativas. Nesta semana, São Paulo confirmou os primeiros casos no interior do estado.

A transmissão da febre do Oropouche ocorre principalmente por meio do vetor Culicoides paraensis, conhecido como maruim ou mosquito-pólvora. No ciclo silvestre, bichos-preguiça e primatas não-humanos, e possivelmente aves silvestres e roedores, atuam como hospedeiros. No ambiente urbano, o mosquito Culex quinquefasciatus, popularmente conhecido como pernilongo, também pode transmitir o vírus aos humanos.

Sintomas e Preocupações Recentes

Os sintomas da febre do Oropouche incluem dor de cabeça intensa, dor muscular, náusea e diarreia, semelhantes aos da dengue. Outros sintomas relatados são tontura, dor retro-ocular, calafrios, fotofobia, náuseas e vômitos. Em casos mais graves, pode ocorrer comprometimento do sistema nervoso central, como meningite asséptica e meningoencefalite, especialmente em pacientes imunocomprometidos. O Ministério da Saúde alerta que parte dos pacientes pode apresentar recidiva dos sintomas após uma ou duas semanas.

Em um desenvolvimento alarmante, a Bahia confirmou no último dia 25 duas mortes associadas à febre do Oropouche, as primeiras registradas no mundo. Ambas as vítimas eram jovens mulheres, sem comorbidades, que apresentaram rápida evolução para sintomas graves, incluindo dor abdominal intensa, sangramento e hipotensão.

Diagnóstico e Tratamento

O diagnóstico da febre do Oropouche é clínico, epidemiológico e laboratorial. A doença é de notificação compulsória e imediata devido ao seu potencial epidêmico e alta capacidade de mutação. Não há tratamento específico para a febre do Oropouche; as recomendações incluem repouso e tratamento sintomático sob acompanhamento médico.

Medidas de Prevenção

Para prevenir a febre do Oropouche, o Ministério da Saúde recomenda:

  • Evitar o contato com áreas de ocorrência e minimizar a exposição às picadas dos vetores.
  • Usar roupas que cubram a maior parte do corpo e aplicar repelente nas áreas expostas da pele.
  • Limpar terrenos e locais de criação de animais.
  • Recolher folhas e frutos que caem no solo.
  • Usar telas de malha fina em portas e janelas.

Transmissão Vertical e Investigação de Microcefalia

Em notas técnicas recentes, o ministério alertou para a possibilidade de transmissão vertical do vírus, da mãe para o bebê, durante a gestação ou no parto. Estudos do Instituto Evandro Chagas detectaram anticorpos contra o vírus da febre do Oropouche em recém-nascidos com microcefalia, sugerindo uma ligação entre a infecção e malformações neurológicas. Um caso de óbito fetal em junho também revelou material genético do vírus em diversos órgãos fetais, reforçando a evidência de transmissão vertical.

Com o avanço dos casos e as primeiras mortes registradas, as autoridades reforçam a importância da vigilância em saúde e da adoção de medidas preventivas para conter a disseminação da febre do Oropouche no Brasil.