
Queda recorde na atividade econômica é o reflexo inicial do desastre climático sobre a região
Os efeitos devastadores das enchentes no Rio Grande do Sul já começam a deixar marcas significativas na economia estadual. Segundo dados divulgados nesta quarta-feira (17) pelo Banco Central, o Índice de Atividade Econômica Regional (IBCR) registrou uma queda de 9% em maio em comparação com abril deste ano. Em relação ao mesmo mês do ano anterior, o indicador recuou 3,9%, marcando a maior contração desde que o índice começou a ser medido em 2002.
A influência negativa do Rio Grande do Sul foi determinante para que a atividade econômica da Região Sul como um todo sofresse uma retração de 3,3% em relação ao mês anterior. Apesar disso, quando observado sem ajustes sazonais, a atividade econômica ainda apresenta um leve crescimento de 0,7% na comparação anual.
Os impactos das enchentes se destacam ainda mais quando comparados com outras regiões do país. Enquanto o Centro-Oeste, impulsionado pela safra, registrou um crescimento de 2,2% em maio, seguido pelo Sudeste com 0,4% de expansão, as regiões Norte (-0,3%) e Nordeste (-1%) apresentaram contrações. Em termos anuais, todas as regiões apresentaram crescimento, lideradas pelo Centro-Oeste (3,6%), Nordeste (3,1%) e Sudeste (2,7%).
O IBCR, divulgado com dois meses de defasagem, é um dos primeiros indicadores a captar o impacto econômico das enchentes no Rio Grande do Sul. Este índice funciona como uma versão regional do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-BR), uma estimativa do Produto Interno Bruto (PIB) nacional.
Além dos dados do Banco Central, a Receita Federal também apontou uma queda significativa na arrecadação de tributos federais no estado, com uma redução de R$ 4,4 bilhões em maio deste ano em comparação com o mesmo período de 2023, ajustados pela inflação. No entanto, é importante considerar que parte dessa queda é atribuída ao adiamento no pagamento de diversos tributos federais, que foi estendido por dois ou três meses dependendo do tipo de imposto ou contribuição.
Em um contexto estadual mais detalhado, o desempenho econômico divulgado pelo Banco Central abrange apenas 13 estados, entre eles Amazonas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Santa Catarina e São Paulo. Os estados que mais se destacaram positivamente em abril foram Pará (+2,8%), Ceará (+2%) e Espírito Santo (+1,8%), enquanto Santa Catarina (-1,1%) e Minas Gerais (-0,5%) registraram as maiores quedas, além do Rio Grande do Sul.
Agora, autoridades e economistas monitoram de perto os desdobramentos econômicos das enchentes, enquanto esforços são concentrados na recuperação das áreas afetadas e no suporte às comunidades atingidas pela tragédia ambiental no Rio Grande do Sul.