Incêndios no Pantanal: 85% ocorrendo em terras privadas, Afirma Ministra Marina Silva

© Antônio Cruz/Agência Brasil

 

Situação crítica é agravada por mudanças climáticas e ações humanas, diz a ministra do Meio Ambiente

 

 

 

A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, anunciou nesta quinta-feira (27) que 85% dos incêndios que afetam o Pantanal há quase 90 dias estão ocorrendo em terras privadas. “Neste momento, não temos incêndio em função de ignição natural”, acrescentou. A declaração foi feita durante a reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável, o Conselhão, que reúne representantes da sociedade civil e do governo para assessorar o presidente da República.

Marina Silva destacou que o município de Corumbá é responsável por metade dos incêndios em Mato Grosso do Sul e também é o que mais desmatou, com 52% de seu território afetado. “Os municípios que mais desmatam são os que mais têm incêndio”, enfatizou.

Segundo a ministra, os incêndios deste ano foram exacerbados pelos efeitos das mudanças climáticas causadas por ações humanas. “Estamos vivendo um momento muito particular de nossa trajetória neste planeta. Tivemos em 2023 um dos anos mais intensos em termos de eventos climáticos extremos, com ondas de calor, secas e enchentes extremas. Isso é um sinal inequívoco de que a mudança do clima já é uma realidade”, disse.

Os extremos climáticos levaram a Agência Nacional de Águas (ANA) a declarar situação crítica de escassez de recursos hídricos na Bacia do Paraguai, ainda em maio. Uma nota técnica do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Lasa-UFRJ) aponta que, entre 1º de janeiro e 23 de junho de 2024, a área queimada no bioma atingiu 627 mil hectares, um aumento de 142,9% em relação aos 258 mil hectares queimados em 2020.

O governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel, informou que a chegada de uma frente fria ao Pantanal na quarta-feira (26) facilitou o trabalho das equipes de combate às queimadas, permitindo a extinção de vários focos. A tenente-coronel Tatiane Inoue, do Corpo de Bombeiros, que comanda as operações, afirmou que, de 1º de janeiro a 25 de junho, o fogo já consumiu 530 mil hectares no Pantanal de Mato Grosso do Sul. “O cenário é bem mais crítico que em 2020, mas nossa estrutura está muito maior e organizada”, disse.

Atualmente, 74 bombeiros militares, 145 brigadistas do Ibama, 40 do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e 53 combatentes da Marinha estão diretamente envolvidos na força-tarefa contra o fogo. Cinco aeronaves modelo Air Tractor, quatro do Ibama e uma do Corpo de Bombeiros estadual, estão auxiliando nas operações.

Além disso, 40 agentes da Força Nacional de Segurança Pública, com 15 viaturas, chegaram para reforçar as operações. O diretor de Operações Integradas e de Inteligência do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Rodney da Silva, explicou que a maior parte do contingente é composta por efetivo do Corpo de Bombeiros Militar de outros estados, um modelo que será adotado nacionalmente para gerenciar riscos nas áreas de maior probabilidade de sinistros ao longo do ano.