Angra 3: Usina Nuclear no Rio de Janeiro se Prepara para Retomada das Obras

© Tomaz Silva/Agência Brasil
Pixel de Impressão banner campanha dengue

 

Com 67% da obra concluída, Angra 3 aguarda decisão do governo para reiniciar construção em 2025

 

 

Na Costa Verde do estado do Rio de Janeiro, um imenso canteiro de obras se destaca entre o azul do mar e o verde da Mata Atlântica. É a construção da Usina Nuclear Angra 3, parada praticamente desde 2015, que espera o sinal verde para ser retomada.

O projeto de construção da terceira e mais potente usina nuclear do país data da década de 1980. Cerca de 80% dos equipamentos já foram comprados e precisam ser submetidos a um rigoroso controle de manutenção para que o tempo de “hibernação forçada” não os comprometa. Nos galpões, 12 mil volumes de equipamentos – a maioria importada – são cuidadosamente alocados, catalogados e inspecionados regularmente. Alguns ficam envoltos em uma capa térmica e expostos à sílica, substância que evita a oxidação. Angra 3 é um projeto “gêmeo” de Angra 2, e algumas peças armazenadas já foram usadas na usina vizinha.

Antonio Zaroni, superintendente de construção de Angra 3, explica que, apesar do tempo de obra inativa, as partes mecânicas da usina nuclear são as mesmas de Angra 2. Equipamentos como bombas, compressores e geradores não são obsoletos. “Os itens obsoletos foram substituídos por novos, mais atuais. A parte elétrica é toda nova, zerada. A parte mecânica não sofre obsolescência”, afirma Zaroni.

A interrupção das obras em 2015 foi motivada por questões orçamentárias e agravada pela Operação Lava Jato. Para retomar a construção, a Eletronuclear contratou o BNDES para um estudo de viabilidade técnica, financeira e jurídica, supervisionado pelo TCU e avaliado pela EPE, pelo Ministério de Minas e Energia e pelo CNPE. O estudo deve ser divulgado em julho, com a expectativa de que a licitação para escolha da empresa que terminará a obra ocorra no primeiro semestre de 2025 e o início das obras em setembro do mesmo ano.

Com 67% da obra pronta, Angra 3 terá uma potência de 1.405 megawatts (MW) e poderá gerar mais de 12 milhões de megawatts-hora por ano, suficiente para atender 4,5 milhões de pessoas. Com a terceira usina em atividade, a energia nuclear representará o equivalente a 60% do consumo do estado do Rio de Janeiro e 3% do Brasil. A energia nuclear, além de ser considerada limpa, tem a vantagem de ser uma geração praticamente integral e ininterrupta.