Peeling de Fenol levanta debate sobre procedimentos estéticos

Foto de Humphrey Muleba na Unsplash

 

Morte de rapaz de 27 anos em clínica não autorizada acende alerta para os riscos e a necessidade de regulamentação rigorosa nos tratamentos estéticos invasivos

 

 

A morte de um jovem de 27 anos, em São Paulo, decorrente de complicações geradas por um peeling de fenol, levantou o debate acerca do procedimento. O rapaz fez o tratamento em uma clínica estética cuja dona não tinha especialidade ou autorização para realizar o peeling. A polícia investiga o caso como homicídio, e a clínica foi interditada e multada.

Entidades Médicas

Entidades médicas alertam para os cuidados necessários na hora de realizar procedimentos estéticos invasivos. O Conselho Federal de Medicina (CFM) ressalta que tratamentos como o peeling de fenol devem ser realizados apenas por médicos, preferencialmente especializados em dermatologia ou cirurgia plástica, para garantir competência técnica e segurança ao paciente. O conselho reforça que mesmo quando realizados por médicos, esses procedimentos devem ser executados em ambientes adequados, obedecendo às normas sanitárias e com estrutura para intervenção imediata em caso de complicações.

A entidade cobra providências de outros órgãos de controle para coibir abusos e irregularidades na área. “A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), com o apoio das vigilâncias estaduais e municipais, deve reforçar a fiscalização aos estabelecimentos e profissionais que prestam esse tipo de serviço sem atenderem aos critérios definidos em lei e pelos órgãos de controle”, diz nota da instituição.

Peeling de Fenol

O peeling de fenol é um procedimento autorizado no país e indicado para tratar envelhecimento facial severo, caracterizado por rugas profundas e textura da pele consideravelmente comprometida, segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). Quando executada corretamente, a técnica pode trazer resultados significativos na produção de colágeno e redução de rugas e manchas.

A SBD classifica o procedimento como invasivo e agressivo, exigindo extrema cautela na realização em toda a face. “É importante ressaltar que o procedimento apresenta riscos e tempo de recuperação prolongado, exigindo afastamento das atividades habituais por um período estendido”, informa a entidade.

Cuidados Necessários

Antes de se submeter a qualquer procedimento clínico ou dermatológico que utiliza diferentes ácidos ou fórmulas, a recomendação é que o paciente consulte um dermatologista. “Este profissional está capacitado para preparar a pele, avaliar adequadamente suas condições e indicar a melhor abordagem individualizada para cada caso, além de orientar sobre os cuidados necessários para evitar as possíveis complicações”, aconselha a SBD.

O peeling de fenol deve ser conduzido por médicos habilitados e em ambiente hospitalar, com exames prévios, anestesia durante o procedimento e monitoramento cardíaco contínuo. “Antes de fazer esse peeling, tem que avaliar o paciente. Se ele tem uma disfunção cardíaca, ele é contraindicado a fazer este tipo de peeling”, explica a dermatologista Gisele Petrone, do Departamento de Cosmiatria da SBD, em entrevista à TV Brasil.

Riscos do Procedimento

A SBD alerta que o peeling de fenol, por ser invasivo, pode apresentar riscos à saúde, afetando o coração, fígado e rins. “É possível que ocorram complicações, como dor intensa, cicatrizes, alterações na coloração da pele, infecções e até mesmo problemas cardíacos imprevisíveis, independentemente da concentração, do método de aplicação e da profundidade atingida na pele”, afirma a entidade.

Posicionamento da Anvisa

Em nota à Agência Brasil, a Anvisa informou que o fenol é um produto autorizado para finalidades estéticas e de uso estritamente profissional, não podendo ser comercializado pela internet. A agência destacou que está adotando medidas para remover anúncios irregulares de fenol da internet. “A Anvisa dispõe de um projeto piloto, em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), denominado Epinet, que monitora anúncios de produtos irregulares comercializados na internet, com o objetivo de reduzir as irregularidades no setor de vendas de produtos sujeitos à vigilância sanitária pela internet.”

Este caso trágico reforça a necessidade de regulamentação rigorosa e fiscalização contínua dos procedimentos estéticos invasivos para proteger a saúde e a segurança dos pacientes.