
Pesquisa revela impactos negativos no desenvolvimento infantil devido ao uso prolongado de dispositivos tecnológicos
Um estudo recentemente publicado no JAMA Pediatrics, conduzido por pesquisadores australianos, trouxe à luz uma questão preocupante: o tempo excessivo que as crianças passam em frente às telas pode afetar negativamente a interação com seus pais, impactando diretamente o desenvolvimento infantil.
Os pesquisadores acompanharam 220 famílias com filhos na faixa etária de 1 ano de idade, até que as crianças completassem 3 anos. Durante esse período, foram analisados os hábitos de uso de dispositivos tecnológicos pelas crianças e a interação verbal entre elas e os adultos.
Os resultados foram claros: à medida que o tempo de exposição às telas aumentava, as conversas entre pais e filhos diminuíam. A cada minuto adicional de uso de dispositivos digitais, houve uma redução significativa na quantidade de palavras faladas pelos pais, nas vocalizações das crianças e na interação verbal geral.
“A interação com os pais desempenha um papel essencial no desenvolvimento da criança”, afirma Claudio Schvartsman, pediatra do Hospital Israelita Albert Einstein. Ele ressalta que a falta de interação deixa o bebê mais introspectivo, reduzindo seu vocabulário e afetando a socialização e o desenvolvimento emocional e intelectual.
Os autores do estudo destacam a importância de um ambiente familiar rico em linguagem para preparar a criança para a escola. Embora compreendam que abandonar completamente as telas não é realista, eles sugerem a implementação de programas e políticas que promovam a redução do tempo de exposição e incentivem o envolvimento dos pais durante o uso desses dispositivos.
Além disso, o estudo ressalta como o uso de telas pelos próprios adultos pode afetar a conexão com os filhos, tornando-os menos responsivos e atentos, o que prejudica a comunicação verbal e não verbal.
É importante lembrar que a Sociedade Brasileira de Pediatria estabelece diretrizes para o uso de aparelhos eletrônicos por crianças de diferentes faixas etárias, recomendando sempre a supervisão dos pais ou responsáveis durante esse uso.