Um relatório recente da Elsevier-Bori, intitulado “Em direção à equidade de gênero na pesquisa no Brasil”, revelou que a participação de pesquisadoras na produção científica do país aumentou significativamente nas últimas duas décadas. De acordo com os dados divulgados nesta sexta-feira (8), nos últimos 20 anos, a proporção de mulheres que assinam publicações científicas no Brasil saltou de 38% para 49%, colocando o país como o terceiro com maior participação feminina na ciência entre os países analisados, que incluem 18 nações e a União Europeia.
A pesquisa, fruto de uma parceria entre a Elsevier, empresa holandesa de produção de conteúdo científico e técnico, e a Agência Bori, cujo objetivo é valorizar as evidências científicas por meio da divulgação à imprensa, utilizou como base de dados o Scopus, uma ferramenta da Elsevier capaz de fazer um recorte de gênero na produção científica.
Além disso, o relatório destacou que o crescimento da participação feminina na produção científica também se estendeu às áreas de STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática, em inglês), passando de 35% em 2020 para 45% em 2022. No entanto, observou-se uma desaceleração no aumento da presença de pesquisadoras nessas áreas desde 2009-2010.
Apesar dos avanços, o relatório aponta desafios a serem superados. Um deles é a redução da participação feminina à medida que a carreira avança: enquanto mulheres com até 5 anos de experiência representam mais da metade das publicações (51%), essa proporção cai para 36% entre pesquisadoras com mais de 21 anos de experiência.
Outro ponto crítico identificado é a preponderância masculina em áreas específicas, como matemática (19%), ciência da computação (21%) e engenharia (24%), evidenciando a necessidade de medidas para reduzir a desigualdade de gênero.
No contexto de patentes de inovação, os homens continuam dominando, com uma proporção estagnada entre 3% e 6% de patentes concedidas a mulheres nos últimos 15 anos. Quando homens e mulheres são creditados conjuntamente pelas invenções, a porcentagem sobe de 24% para 33%, de 2008 para 2022, indicando uma leve mudança nesse cenário.