
Documento destaca avanços no controle do desmatamento, mas aponta áreas críticas em transição energética e agricultura
O Brasil encontra-se despreparado para lidar com as mudanças climáticas, conforme indica o relatório “Política Climática por Inteiro” do Instituto Talanoa, uma organização civil independente com sede no Rio de Janeiro. Embora tenha havido progressos notáveis, como a redução de 22% no desmatamento da Amazônia em 2023, o país enfrenta desafios significativos nas áreas de transição energética e agricultura.
Entregue aos ministros da Fazenda, Minas e Energia, e Meio Ambiente, o relatório destaca a necessidade de ações mais efetivas para cumprir os compromissos climáticos do Acordo de Paris antes da 28ª Conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas (COP28) em Dubai, nos Emirados Árabes, entre 30 de novembro e 12 de dezembro.
A presidente do Instituto Talanoa, Natalie Unterstell, ressaltou a importância de lidar não apenas com o desmatamento na Amazônia, mas também com a transição para uma indústria de baixo carbono, a questão da agricultura, e a necessidade de uma governança inclusiva e participativa.
O documento identificou 17 avanços, oito iniciativas iniciais, 15 áreas sem progresso e uma com retrocesso em relação às políticas públicas e mudanças climáticas no Brasil em 2023. O relatório enfatizou a necessidade de ações transversais e práticas, indo além das intenções e discursos.
Apesar dos avanços destacados, o relatório aponta que o Brasil ainda tem muito a fazer para atingir suas metas climáticas. O controle do desmatamento na Amazônia e a criação de um mercado regulado de carbono foram destacados como pontos cruciais de evolução na redução de emissões.
Com a COP28 se aproximando, os negociadores terão a responsabilidade de analisar a implementação das metas apresentadas pelos países signatários do Acordo de Paris. O Brasil, como o quarto maior emissor, ocupará uma posição-chave nas negociações e presidirá a COP30, quando novas metas climáticas deverão ser apresentadas.
O relatório sugere que o país precisa acelerar a descarbonização, focando em setores como agricultura e energia, e uma proteção mais efetiva do Cerrado. Destaca-se a importância de uma abordagem mais exigente e de uma correção de rumos na COP28, considerando as ocorrências recentes de desastres climáticos globais.