Mortes Relacionadas ao Calor em Idosos Aumentam 85% em 2020, Aponta Estudo Internacional

Foto de Matteo Fusco na Unsplash

 

Relatório publicado na revista The Lancet alerta para o impacto do aquecimento global na saúde de idosos, destacando crescimento significativo nas mortes relacionadas ao calor

 

 

Um estudo internacional, envolvendo mais de 114 cientistas e pesquisadores de 52 instituições ao redor do mundo, publicado na revista científica The Lancet nesta terça-feira (14), revelou que as mortes relacionadas ao calor em idosos de 65 anos aumentaram 85% em 2020, comparadas ao período de 1990 a 2000. A pesquisa alerta para os impactos do aquecimento global na saúde da população idosa, ressaltando que o aumento é significativamente maior do que o crescimento projetado de 38%.

O estudo utilizou modelos que incorporam mudanças demográficas e de temperatura para mapear as mortes de idosos causadas ou relacionadas ao aumento de temperatura. Ao simular como seriam essas mortes se as temperaturas permanecessem nos mesmos níveis, os cientistas identificaram um crescimento de 38% comparado ao período de 1990 a 2020.

Os pesquisadores atribuem o aumento ao aquecimento global, resultado das mudanças climáticas intensificadas por atividades humanas. A população idosa e os bebês são identificados como particularmente vulneráveis a riscos à saúde quando expostos ao calor excessivo.

O estudo também destaca que as ondas de calor serão mais frequentes nos próximos anos, podendo levar quase 525 milhões de pessoas à insegurança alimentar entre 2041 e 2060, agravando o risco global de desnutrição. Os autores do estudo afirmam que o mundo está avançando na direção errada em relação às mudanças climáticas.

Com as mudanças climáticas, a população fica mais exposta a contrair doenças infecciosas e fatais, como dengue, malária e outras viroses. O estudo também aponta um aumento na área afetada por seca extrema, passando de 18% em 1951 para 47% entre 2013 e 2022.

Enquanto o Brasil enfrenta a quarta onda de calor em 2023, com recordes de temperatura e alertas de “grande perigo” para 15 estados e o Distrito Federal, o estudo destaca que outras regiões do mundo, incluindo Índia, Europa, Estados Unidos, China e Paquistão, também enfrentaram condições de calor extremo este ano. No Brasil, as altas temperaturas aumentaram 642% nos últimos 60 anos, conforme pesquisa do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) sobre os impactos das mudanças climáticas no país.