
Mesmo diante de pressões cambiais e incertezas globais, o Copom anuncia terceiro corte consecutivo na taxa básica de juros, priorizando estabilidade econômica em meio à alta inflacionária
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) realizou hoje a tão aguardada decisão sobre a taxa básica de juros, a Selic, optando por reduzi-la para 12,25% ao ano. Este movimento representa o terceiro corte consecutivo desde agosto, quando o BC interrompeu o ciclo de aperto monetário.
Essa redução contraria a recente alta do dólar e a manutenção de juros elevados nos Estados Unidos, sinalizando a resiliência do órgão diante do cenário econômico desafiador. As expectativas se alinhavam com projeções anteriores do Copom, indicando cortes de 0,5 ponto por cento
O mercado financeiro, de acordo com a última edição do boletim Focus, apontava para a possibilidade de encerrar o ano com a Selic em 11,75% ao ano. No entanto, a decisão do Copom sinaliza uma postura cautelosa em equilibrar a economia, considerando as preocupações expressas na ata da última reunião
Neste documento, o Copom expressou inquietação diante da incerteza nos mercados financeiros e alertou para possíveis riscos de aumento do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) próximo ao fim do ano, pressionando a inflação oficial.
Além das questões internas, o BC também ponderou sobre influências externas, como a perspectiva de aumento das taxas nos EUA e tensões geopolíticas, como o conflito entre Israel e o grupo palestino Hamas, que dificultam a tarefa de reduzir
A redução das expectativas de inflação é um ponto crucial para o BC, buscando fortalecer a credibilidade e a reputação das instituições econômicas
Com as projeções atuais, a estimativa de inflação para 2023, segundo o boletim Focus mais recente, diminuiu ligeiramente, passando de 4,65% para 4,63%, permanecendo dentro do intervalo da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de até 4,75% para este ano.
A taxa Selic desempenha um papel fundamental nas negociações de títulos públicos e é a referência para outras taxas econômicas. O BC utiliza-a como ferramenta para controlar a inflação. Enquanto seu aumento visa conter a demanda e, consequentemente, os preços, sua redução estimula a atividade econômica.
A reunião do Copom, realizada a cada 45 dias, pondera diversas variáveis para definir a Selic, visando atingir as metas de inflação definidas pelo Conselho Monetário Nacional para os próximos anos.
O próximo Relatório de Inflação, a ser divulgado no fim de dezembro, será aguardado atentamente, considerando as projeções atuais e as decisões do Copom para sustentar a estabilidade econômica em meio a um contexto desafiador.