Investimentos na produção de insumos de saúde garantem autonomia e segurança para o Brasil

Foto de Mufid Majnun na Unsplash

 

O recente episódio de atrasos na liberação de carregamentos de ingredientes farmacêuticos ativos (IFA) na alfândega chinesa, durante o surto da variante Gamma da Covid-19 no Brasil, evidenciou a vulnerabilidade de nações dependentes de insumos de saúde. A pandemia expôs até mesmo países desenvolvidos que transferiram sua indústria de saúde para o exterior. Diante desse cenário, muitos países agora consideram o fortalecimento de fornecedores locais como uma estratégia crítica.

No Brasil, o Programa Nacional de Imunizações (PNI), que celebra seu 50º aniversário em 2023, destaca-se por contar com produtores nacionais de vacinas. O Instituto Butantan e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) fornecem a maior parte das vacinas, soros e imunobiológicos que compõem o programa, e isso é amplamente atribuído ao seu sucesso.

Luciana Phebo, chefe de saúde do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) no Brasil, ressalta que a presença de instituições robustas capazes de responder a sérios problemas de saúde é um privilégio para o país. Ela enfatiza que a garantia de fornecimento de vacinas por meio de instituições com a capacidade técnica dos fabricantes nacionais é um dos principais trunfos do programa para garantir sua continuidade.

As instituições públicas, como o Instituto Butantan, desempenham um papel crucial nessa garantia de abastecimento. O Butantan, ligado ao governo de São Paulo, produziu mais de 115 milhões de doses da CoronaVac durante a pandemia e continua fornecendo 80 milhões de doses da vacina contra a gripe anualmente. Além disso, é responsável pela produção de imunizantes contra hepatite A, hepatite B, HPV, dTpa e raiva, bem como soros antivenenos para casos de envenenamento por animais peçonhentos.

No entanto, especialistas destacam a necessidade de avançar na soberania nacional, garantindo também a produção local de insumos para todas as etapas da fabricação de vacinas.