Desafios e Perspectivas da Tecnologia na Educação no Brasil

 

A tecnologia digital se tornou uma parte inegável de nossas vidas diárias, e seu papel na educação tem sido objeto de discussão em todo o Brasil. Recentemente, o país sancionou a Política Nacional de Educação Digital (Pned), reconhecendo a necessidade de preparar crianças e jovens para um mundo cada vez mais tecnológico. No entanto, a adoção da tecnologia na educação enfrenta desafios significativos.

A discussão sobre a integração da tecnologia na educação começou na década de 1980, quando a internet estava em seus estágios iniciais. No entanto, o professor Gilberto Santos, da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UnB), observa que o surgimento de novas tecnologias educacionais não foi acompanhado por abordagens pedagógicas igualmente inovadoras. Ele aponta que, após 30 anos, os profissionais da educação ainda estão em busca de abordagens pedagógicas que aproveitem ao máximo as tecnologias e a cultura que elas trazem.

Além dos desafios pedagógicos, existem questões de infraestrutura e acesso. No final de 2022, 2,5% das escolas no Brasil não tinham acesso à rede de energia elétrica, 6,8% não dispunham de acesso à internet e 33,2% não possuíam laboratórios de informática, de acordo com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Essa falta de infraestrutura cria desigualdades no acesso à tecnologia educacional.

Os estudantes veem a tecnologia como uma parte essencial da educação, mas enfatizam a necessidade de acesso universal. No entanto, a presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), Jade Beatriz, destaca que muitas escolas enfrentam problemas de acesso à internet e falta de dispositivos adequados.

No início deste ano, o Brasil sancionou a Lei 14.533/2023, estabelecendo a Política Nacional de Educação Digital (Pned), com o objetivo de garantir o acesso a recursos digitais, ferramentas e práticas digitais, especialmente para as populações mais vulneráveis. A Pned abrange quatro áreas principais: inclusão digital, educação digital escolar, capacitação e especialização digital, e pesquisa e desenvolvimento em tecnologias da informação e comunicação. A política visa melhorar a coordenação de programas e projetos de educação digital em todo o país.

No entanto, não há um caminho único para a adoção da tecnologia na educação. Os estados brasileiros têm tomado diferentes abordagens, desde a integração intensiva de tecnologia no currículo até restrições no uso de dispositivos eletrônicos em sala de aula.

Em São Paulo, houve debates sobre a substituição dos livros didáticos tradicionais por versões digitais, mas a decisão final foi aderir ao Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) do Ministério da Educação. No entanto, os alunos terão acesso tanto ao material baseado no currículo estadual quanto aos livros fornecidos pelo MEC.

No Paraná, as plataformas digitais desempenharam um papel importante na educação durante a pandemia. No entanto, a pesquisa realizada pelo Sindicato dos Professores do Paraná (APP-Sindicato) mostrou que a sobrecarga de tecnologia e a pressão para cumprir metas estão afetando a saúde dos professores.

No Rio de Janeiro, a prefeitura implementou regulamentos que restringem o uso de celulares em sala de aula, seguindo as recomendações da UNESCO sobre os potenciais impactos negativos do uso excessivo de telas.

A UNESCO enfatiza que a tecnologia pode ser uma ferramenta poderosa na educação, mas deve ser usada de forma equilibrada, considerando as desigualdades de acesso. Não substitui outros métodos educacionais comprovados, como a leitura de livros. A integração bem-sucedida da tecnologia na educação exige uma abordagem pedagógica inovadora e um foco na inclusão digital para todos os estudantes, garantindo que nenhum aluno seja deixado para trás.

Em última análise, a adoção da tecnologia na educação é um desafio complexo que exige um equilíbrio entre os benefícios que ela oferece e as desigualdades de acesso e os desafios pedagógicos que ela apresenta