
Desde o fim da era do Concorde em 2003, as viagens de alta velocidade sobre o Atlântico têm sido coisa do passado. No entanto, a Nasa está reacendendo a esperança de viagens supersônicas que podem encurtar substancialmente as rotas transatlânticas.
A agência espacial americana recentemente confirmou sua “estratégia de alta velocidade”, que contempla a possibilidade de voos comerciais a uma velocidade superior a Mach 4, o que equivale a mais de 4.830 km/h. Segundo a pesquisa realizada pelo Centro de Pesquisa Glenn da Nasa, aproximadamente 50 rotas já estabelecidas poderiam potencialmente beneficiar-se dessas viagens de alta velocidade. No entanto, inicialmente, essas rotas se concentrariam nas travessias transoceânicas, como o Atlântico Norte e o Pacífico, devido a regulamentações que proíbem voos supersônicos terrestres em países como os Estados Unidos.
A Nasa está atualmente desenvolvendo aeronaves supersônicas conhecidas como X-59, que possuem a promessa de serem “silenciosas”. A agência espera que essas aeronaves possam eventualmente abrir caminho para a modificação das regulamentações que proíbem voos supersônicos terrestres, permitindo voos entre Mach 2 e Mach 4, equivalentes a 2.470 a 4.900 km/h. Para efeito de comparação, o Concorde tinha uma velocidade máxima de Mach 2,04, que equivale a 2.180 km/h. Se um avião pudesse atingir Mach 4, uma travessia transatlântica entre Nova York e Londres poderia ser realizada em meros 90 minutos.
A próxima fase do Programa de Veículos Aéreos Avançados (AAV) da Nasa envolverá a contratação de empresas, como a Boeing e a Northrop Grumman Aeronautics Systems, para desenvolver projetos e explorar as possibilidades de viagens aéreas de alta velocidade. Isso incluirá considerações de segurança, eficiência, aspectos econômicos e sociais, bem como a identificação das tecnologias necessárias para tornar viagens a Mach 2 uma realidade.
Lori Ozoroski, gerente do Projeto de Tecnologia Supersônica Comercial da Nasa, explicou que estudos semelhantes realizados há uma década moldaram o desenvolvimento da aeronave X-59 e que os novos estudos irão “atualizar a visão dos roteiros tecnológicos e identificar necessidades de investigação adicionais para uma gama mais ampla de alta velocidade”. Mary Jo Long-Davis, gerente do Projeto de Tecnologia Hipersônica da Nasa, acrescentou que é crucial inovar com responsabilidade, considerando não apenas o aspecto tecnológico, mas também os impactos sociais e econômicos.
Em julho, a Lockheed Martin concluiu a construção da aeronave de teste X-59, projetada para minimizar o estrondo sônico, tornando o voo supersônico terrestre uma possibilidade. Testes em solo e um primeiro voo de teste estão planejados para o final do ano, com a Nasa visando fornecer dados suficientes aos reguladores dos Estados Unidos até 2027.
Embora a viagem supersônica ainda seja um sonho em desenvolvimento, a Nasa está determinada a explorar as possibilidades de tornar as viagens de alta velocidade uma realidade no futuro.